2010

Renee Rosnes Quartet
O Estoril Jazz 2010 abriu com o concerto de um dos expoentes do piano Jazz mainstream: Renee Rosnes. Canadiana de origem, Renee é herdeira da tradição bop, e o concerto que levou ao Estoril foi uma exposição superlativa e inequívoca do Jazz na sua forma contemporânea mais acabada.

Grace Kelly Quintet
Para o segundo dia estavam agendados dois concertos. Mas a convocação da jovem Grace Kelly para o Estoril Jazz foi obviamente um erro de casting. Kelly toca bem, claro, embora pudéssemos apontar vários saxofonistas nacionais ao seu nível ou melhor. A música que tocou alternou entre o vulgar cool jazz e a execução de standards, sem qualquer imaginação.

Wallace Roney Quintet
Seguiu-se Wallace Roney. Respondendo a um pedido expresso de Duarte Mendonça o trompetista começou por interpretar alguns dos clássicos de Miles Davis do período «quinteto» (que aliás ele tocou no grupo formado após o desaparecimento de Miles com os restantes membros do quinteto). Vou confessar-vos que sou dos que gosta de ouvir Miles e não considera que tocar exactamente como o original seja algum tipo de crime. Além de que Wallace Roney é insuperável como instrumentista e este acabou por ser um concerto bastante mais que agradável. Roney ainda tocou várias peças da sua autoria, embora o seu horizonte estético seja definitivamente este (o do quinteto de Miles).

Charles Lloyd New Quartet
Começa a tornar-se redundante falar do quarteto de Charles Lloyd, ele que é um dos últimos grandes saxofonistas da velha geração sobrevivos. Este quarteto, em especial, que já tínhamos visto tocar em 2007 na Culturgest e de novo no ano passado em Angra (o baterista foi Nasheet Waits), é inequivocamente um dos maiores grupos de Jazz da actualidade, como o comprovaria de novo neste concerto do Estoril. E Lloyd conseguiu no Estoril o inimaginável: superar-se! A música deste novo quarteto de Lloyd, aliando um grupo de jovens intelectuais ao que de mais espiritual pode ser encontrado no Jazz, resulta insuperavelmente emocionante e ao mesmo tempo de uma riqueza formal única! Concerto verdadeiramente demolidor!

Dee Dee Bridgewater Quintet «To Billie with Love»
Dee Dee é uma cantora que é capaz de gerar tanto de aplausos como de anticorpos entre os amantes do Jazz, e isso aconteceu de novo no Estoril. A interpretação de cabaret de alguns temas mais dramáticos de Billie Holiday não é de todo simpática e levei algum tempo a digerir. Mas ainda assim os momentos de mau gosto não chegaram para esconder a força da natureza que Dee Dee realmente é e acabei por me render à sua voz.

Esperanza Spalding Quartet
A jovem Esperanza Spalding tem surgido como uma verdadeira estrela pop, mas ela é uma contrabaixista de Jazz interessante o quanto baste para ter direito a entrada nas enciclopédias da especialidade. À frente do seu grupo ela não deixou os seus créditos em mãos alheias, mesmo se fez um concerto algo cool onde até encontrou espaço para cantar. O público não lhe regateou aplausos.