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Guimarães Jazz 2019

 

 

Poucos festivais de Jazz oferecem numa mesma edição um cartaz tão importante e diverso como o Guimarães Jazz insiste em apresentar ao seu público todos os anos. De facto, um cartaz com Charles Lloyd, Antonio Sánchez, Vijay Iyer e Craig Taborn, a ICP Orchestra, Joe Lovano e Rudy Royston, não é vulgar, mas o Guimarães Jazz é muito mais do que um simples desfilar de concertos. A referência dos festivais de Jazz nacionais, festa do Jazz, férias de Outono, o Guimarães Jazz tornou-se nos seus vinte e oito anos de vida um local de romaria anual para muitos jazzómanos. Uma sala cheia de público, workshops, uma programação que se completa com jam sessions diárias, uma produção irrepreensível a completar a sólida programação, fazem do Guimarães Jazz o mais importante festival de Jazz nacional, sem competidores à altura.
Apenas assisti à segunda semana do festival.
Dois concertos marcaram pela excelência a segunda semana: o Rudy Royston «Flatbed Buggy» e o Joe Lovano Tapestry Trio Com Marilyn Crispell e Carmen Castaldi.

Rudy Royston

Baterista portentoso, Rudy Royston tem influído num sentido inesperado, privilegiando a composição. A formação que trouxe a Guimarães revelou isso mesmo, com composições bonitas, diria, interpretadas por uma formação muito original: um quinteto com órgão, clarinete e saxofone, violoncelo, contrabaixo e bateria.

Foi um Rudy Royston bastante diferente do que ganhou há três anos o disco do ano com Rise of Orion, onde a bateria impulsionava a banda. Este Flatbed Buggy é um projecto lírico, onde o centro é construído pelo eixo acordeão – órgão – violoncelo, e ocasionalmente baixo, e onde a bateria quase sempre apenas serve a música do grupo. Elegante e sofisticado, o baterista dirigia a banda como se não estivesse lá, estruturando a música com subtileza. Conciliando a escrita densa com as prestações individuais, a luxuosa formação esteve quase sempre submetida ao todo, e à composição, mesmo quando esta lhes oferecia espaço para as prestações individuais.
Projecto lindíssimo a revelar um grande compositor e líder.

Joe Lovano
Joe Lovano é um saxofonista popular e o público português conhece-o bem. Herdeiro dos saxofonistas da época de ouro do Jazz, Lovano possui um som cheio e caloroso. O conhecimento profundo dos standards e da música popular e as suas incursões num repertório mais alargado, nomeadamente na música lírica italiana, contribuíram para a sua popularidade.

O trio que veio a Guimarães, no entanto, foi algo diferente do que lhe conhecemos. Os outros dois lados do triângulo: a pianista Marilyn Crispell (oriunda de uma área free «erudita», ver Anthony Braxton) e as marcações esdrúxulas do baterista Carmen Castaldi, esquivando-se ao tempo óbvio, um pouco à maneira de Paul Motian, assim o ditavam. O disco sugeria uma música mais fria, mais «conceptual», abstracta, e tínhamos curiosidade de saber como se comportava o trio em palco, mas a prova foi superada com sucesso. O confronto das três personalidades, onde Lovano era apenas o nome mais popular, mas verdadeiramente se tratava de um triângulo onde os lados se opunham, foi resolvido com inteligência, resultando num excelente concerto. 

Ikizukuri - Sonoscopia/ Guimarães Jazz - 0
A segunda semana tinha começado com uma colaboração Sonoscopia/ Guimarães Jazz, na terça 12 de Novembro. O projecto – Ikizukuri - que se apresentou no festival foi criado especificamente para o Guimarães Jazz e era composto por três músicos: Gustavo Costa em bateria, Julius Gabriel no saxofone e Gonçalo Almeida no baixo eléctrico.
A Sonoscopia é uma “associação de músicos e construtores sonoros». Nenhuma referência ao Jazz, o que até nem seria importante; já temos visto no Guimarães Jazz interessantes concertos onde o Jazz é acessório; e tratava-se de ver se a «construção sonora» era provida de alguma acuidade.
Não foi. Durante mais de uma hora os três músicos tocaram sem que aparentemente se apercebessem que estavam a tocar num trio: Julius Gabriel fazia escalas para cima e para baixo, soprando furiosamente ao estilo «moderno» (com 50 anos) de Peter Brotzman, o baterista batia forte, também, indiferente aos parceiros, Gonçalo Almeida tirava sons do baixo eléctrico ao acaso, num estilo «livre» parecendo ter apenas uma corda, tal o nível da distorção e da amplificação. O momento alto do concerto aconteceu quando Gonçalo Almeida atirou o baixo para o chão e ele para ali ficou a reverberar durante intermináveis minutos.
Nenhum interesse, criatividade zero, um longo e ruidoso bocejo. Claramente «um erro de casting»

Lina Nyberg Quintet e Orquestra de Guimarães
Um dos projectos mais acarinhados do Guimarães Jazz nos últimos anos, bastante popular, consiste no encontro da Orquestra de Guimarães com um músico convidado. Este convite foi endereçado, noutros anos, a Léa Freire ou Nels Cline, e este ano à cantora e compositora sueca Lina Nyberg, que veio apresentar a Guimarães «Terrestrial», um épico que se sucede a «Sirenades» (2014) e «Aerials» (2016). No duplo CD «Terrestrial» (2018) o quinteto de Nyberg é acompanhado da Norrlands Operan Symphony Orchestra.
«Terrestrial» é um manifesto em defesa da natureza, motivo que a acompanha desde sempre. É um disco bonito, simples até, apesar da ambição dos meios. A voz de Nyberg, entre a folk nórdica, o canto lírico e o Jazz, sobreleva-se sobre o todo, numa forma de canção. 
A Orquestra de Guimarães não é uma orquestra de Jazz. É uma orquestra jovem, sem improvisadores, mas competente, que vem crescendo, e que se comportou bastante bem neste território que também não lhe ofereceu dificuldades de monta. Nyberg conta uma história, à boa maneira opera-pop e a desnecessidade de improvisadores (a vaga improvisação está a cargo do quinteto), e arranjos sem sobressaltos, tornou a orquestra adequada. 
Um concerto bonito.

Geof Bradfield
Outra das fórmulas do Guimarães Jazz consiste no convite a um músico estrangeiro para dirigir uma formação alargada composta por jovens estudantes da ESMAE, que resulta numa apresentação no primeiro fim de semana. Este músico, e a formação que o acompanha, são também os responsáveis por um dos concertos da segunda semana. O convidado de 2019 foi o bopper Geof Bradfield, um texano que se tem feito notar na cena Jazz de Chicago. 
Geof Bradfield pratica um bop ágil, sem novidade mas competente; um Jazz que não se questiona, despretensioso; e foi o que apresentou em Guimarães. Competência também para a banda, que desfilou nos solos da forma tradicional, com destaque para a bateria de Dana Hall, talvez o melhor músico em palco.
Do que lhe conhecemos, e ainda assim, esperava-se mais de Geof Bradfield.

Andrew Rathbun Large Ensemble
Tradicionalmente o Guimarães Jazz encerra com uma grande formação, e se o Large Ensemble de Andrew Rathbun (vinte músicos) não era propriamente uma orquestra, ele possui uma dimensão orquestral que não desiludiu.
A obra que o Large Ensemble veio apresentar - as Atwood Suites - «veicula uma mensagem de inquietação política e elevação poética… narra um mundo em profunda transformação ao qual a arte tem de dar resposta» (do programa) da poesia de Margaret Wood, que é cantada por Aubrey Johnson. 
A música composta por Rathbun possui muito de dramático (correspondendo ao dramatismo da escrita de Atwood) e os arranjos são particularmente engenhosos, oferecendo combinações tímbricas inesperadas e largo espaço para os improvisadores. Luminosos na improvisação, Quinsin Nachoff, Geof Bradfield, Mike Fahie, Tim Hagans em fliscórnio e ainda John O’Galagher, que fez o solo da noite.
Dramatismo, poesia, escrita e improvisação a encerrar o Guimarães Jazz 2019.

Leonel Santos

(Leonel Santos esteve no Guimarães Jazz a convite do festival)

 

Programação:
Ivo Martins

Produção/ Organização:
Município de Guimarães, Oficina, Convívio

Qui 7 Guimarães CCVF - GA 21.30 Charles Lloyd
«Kindred Spirits»
Charles Lloyd (s, f), Gerald Clayton (p), Marvin Sewell (g), Harish Raghavan (ctb), Eric Harland (bat)
Sex 8 Guimarães CCVF - GA 21.30 Antonio Sánchez And Migration Antonio Sánchez (bat), Chase Baird (s, EWI), John Escreet (p, f-r),  Orlando Le Fleming (ctb, b-el), Thana Alexa (voz, elec)
Sáb 9 Guimarães CCVF - PA 17.00 Trio Oliva/Boisseau/Rainey – Orbit Stéphan Oliva (p), Sébastien Boisseau (ctb), Tom Rainey (bat)
CCVF - GA 21.30 Vijay Iyer And Craig Taborn
The Transitory Poems»
Vijay Iyer (p), Craig Taborn (p)
Dom 10 Guimarães CCVF - GA 17.00 Big Band e Ensemble de Cordas ESMAE Geof Bradfield (dir)
CIAJG/ Black Box 21.30 Miguel Moreira, Lucien Dubuis, Mário Costa, Rui Moreira, Valter Fernandes
Porta Jazz / Guimarães Jazz
Miguel Moreira (comp, g: 6, 12 cordas, fretless), Lucien Dubuis (clb), Mário Costa (bat), Rui Rodrigues (per), Valter Fernandes (bailarino)
           
Seg 11 Guimarães CCVF - GA 21.30 ICP Orchestra Ab Baars (cl, st), Tobias Delius (cl, st), Michael Moore (cl, sa), Thomas Heberer (t), Wolter Wierbos (trb), Mary Oliver (viola, v), Tristan Honsinger (celo), Ernst Glerum (ctb), Guus Janssen (p), Han Bennink (bat)
Ter 12 Guimarães CCVF - PA 21.30 Gustavo Costa, Julius Gabriel, Gonçalo Almeida Gustavo Costa (bat, per), Julius Gabriel (s), Gonçalo Almeida (b-el)
Qua 13 Guimarães CCVF - GA 21.30 Joe Lovano Tapestry Trio Com Marilyn Crispell e Carmen Castaldi Joe Lovano (s), Marilyn Crispell (p), Carmen Castaldi (bat)
Qui 14 Guimarães CCVF - GA 21.30 Lina Nyberg Quintet e Orquestra de Guimarães
«Terrestrial»
Lina Nyberg (voz, comp, arranjos), David Stackenäs (g), Cecilia Persson (p), Josef Kallerdahl (ctb), Peter Danemo (bat),
Orquestra de Guimarães
Sex 15 Guimarães CCVF - GA 21.30 Rudy Royston
«Flatbed Buggy»
Rudy Royston (bat), Gary Versace (aco), John Ellis (cl, s), Hank Roberts (celo, voz), Peter Slavov (ctb)
Sáb 16 Guimarães CCVF - PA 17.00 Geof Bradfield Quintet Geof Bradfield (st), Russ Johnson (t), Scott Hesse (g), Clark Sommers (ctb), Dana Hall (bat)
Guimarães CCVF - GA 21.30 Andrew Rathbun Large Ensemble
«The Atwood Suites»
John O'Gallagher (sa, ss), Tara Davidson (sa, f, cl), Quinsin Nachoff (st, cl), Geof Bradfield (st, cl), Hristo Goleminov (sb, clb), Luís Macedo (t), Ricardo Formoso (t), Scott Cowan (t), Russ Johnson (t), Mike Fahie (trb), William Carn (trb), Gonçalo Dias (trb), Andreia Santos (trb), Aubrey Johnson (voz), Ricardo Pinheiro (g), Jeremy Siskind (p), Clarke Sommers (b), Martijn Vink (bat), Tim Hagans (t), Andrew Rathbun (comp, arranjos, ss), Margaret Atwood (texto)

Antecipação

Abrir um festival de Jazz com Charles Lloyd é um bom augúrio. Porque Charles Lloyd é o último dos grandes saxofonistas em actividade e é um deleite vê-lo e ouvi-lo. Não que não haja saxofonistas brilhantes, bem pelo contrário, Miguel Zenón, Jon Irabagon, Joshua Redman, Steve Coleman, quantos outros!, são músicos virtuosos, capazes de ser arrebatadores.  Mas aquela linhagem de saxofonistas tocantes, dramáticos, emocionantes, que tem a paternidade em Lester Young, Ben Webster, John Coltrane, e estou a dizer nomes ao acaso (e separados por décadas), porque eles são personalidades bem distintas, acaba com Charles Lloyd.    
Felizmente que Charles Lloyd tem vindo a Portugal com alguma regularidade e o público do Jazz conhece-o bem. Mas ele não é propriamente um jovem e esta poderá ser a última oportunidade de o ver. O saxofone de Lloyd terá perdido alguma da força que possuía, mas ele ganhou em emoção. Imperdível para os amantes de Jazz a viver a menos de 250 Km de Guimarães (facultativo para os restantes). Quinta 7.

Mas o maior e mais importante festival de Jazz nacional tem muito mais para oferecer. Logo no dia seguinte o Guimarães Jazz apresenta Antonio Sánchez um baterista empolgante que poderá levar ao palco do Vila Flor uma música tocada pelo funky. Atenção ao pianista John Escreet, que também já esteve em Guimarães.

No sábado o grande palco do Guimarães Jazz será ocupado por uma formação mais rara, mais própria da música erudita, dois pianos, e não por acaso. Os pianos de Vijay Iyer e Craig Taborn cruzam despudoradamente o Jazz e a música erudita, confluindo escrita e improvisação numa aventura com tanto de exigente como de rigor.

Mas antes, à tarde, o sábado oferece no pequeno auditório a música de um músico praticamente desconhecido do público nacional, mas que merece toda a atenção. De origem francesa Stéphan Oliva é um pianista que possui nos dedos a multisciência de Bill Evans e Lennie Tristano. Oliva tocou em Portugal por diversas vezes em pequenas salas e contextos e esta deverá ser uma rara oportunidade para o ver. Com ele o contrabaixista Sébastien Boisseau e o versátil Tom Rainey na bateria.

A semana completa-se, domingo 10, com a apresentação do resultado das workshops dirigidas por Geof Bradfield, com a Big Band e Ensemble de Cordas ESMAE. No auditório principal do Centro Cultural Vila Flor.

À noite, ainda no domingo, mas no CIAJG/ Black Box (Centro Internacional das Artes José de Guimarães), o projecto multidisciplinar, carta branca a, proposta de Miguel Moreira (guitarras, clarinete baixo, percussão, bateria e bailado). Resultante da colaboração do Guimarães Jazz com a Associação Porta-Jazz, este projecto deverá resultar num disco-vídeo a editar no próximo ano na Carimbo.

A segunda semana começa, segunda-feira, com a histórica ICP Orchestra, uma das mais importantes formações do free-jazz europeu fundada por Willem Breuker, Misha Mengelberg e Han Bennink em 1967. Depois do desaparecimento de Misha Mendelberg em Março de 2017, o baterista Han Bennink será o único da formação original que estará em Guimarães. ICP: Instant Composers Pool, composição instantânea, pois, a abrir a segunda semana do Guimarães Jazz.

Terça 12, o palco do Pequeno Auditório é oferecido a três músicos portugueses, Gustavo Costa, Julius Gabriel, Gonçalo Almeida, três músicos que trilham um caminho na denominada «música improvisada».

Quarta-feira outro grande saxofonista, Joe Lovano, deverá apresentar com Marilyn Crispell e Carmen Castaldi, a música do disco de 2019 «Trio Tapestry», uma música algo diferente do que o público está habituado em Lovano, até pela presença da pianista Marilyn Crispell, Menos calorosa, provavelmente, menos mainstream e mais conceptual e com arremedos free, o desafio de três personalidades fortes em confronto no palco do Vila-Flor.

«Terrestrial» é o nome do CD duplo editado em 2018 pela cantora e compositora sueca Lina Nyberg, gravado em quinteto com orquestra. A orquestra que tocará em Guimarães será a Orquestra de Guimarães, no seguimento de propostas semelhantes em anos anteriores. Entre o Jazz, a pop e a música clássica, este é o mais ambicioso projecto de Lina Nyberg. Quinta 14.

Outro baterista e compositor tocará no Guimarães Jazz. Portentoso nas baquetas, engenhoso, excitante e lírico na escrita, Rudy Royston arrisca fazer outra grande noite no festival. Formação de luxo com Gary Versace (acordeão), John Ellis, Hank Roberts e Peter Slavov (em substituição de Joe Martin que toca no disco «Flatbed Buggy», de 2018), toda a atenção para Rudy Royston. Sexta 15.

A tarde de sábado (16, Pequeno Auditório) terá como protagonista o saxofonista que dirigiu as workshops com os jovens músicos da ESMAE e que foi responsável pelas jam sessions, Geof Bradfield. Proficiente saxofonista, Bradfield surpreendeu em 2018 com o CD «Yes, And… Music For Nine Improvisers». Apesar de um registo que se poderia classificar de mainstream, as composições são estimulantes e modernas.
É possível que a música a tocar seja a deste disco, mesmo se o grupo estará reduzido em Guimarães a um quinteto.

A última noite está, como é tradição em Guimarães, reservada a uma orquestra. Também praticamente desconhecido em Portugal, Andrew Rathbun possui já uma longa história, tendo já mais de uma dúzia de discos editados. Este «Atwood Suites» inspira-se na poesia da compatriota canadiana Margaret Atwood, poetisa, contista e ensaísta. Orquestra de vinte músicos, ela conta com a voz da nova-iorquina Aubrey Johnson, mas também dos saxofonistas John O’Gallagher, Geof Bradfield e Quinsin Nashoff, Russ Johnson e Tim Hagans nos trompetes, como nomes mais sonantes. Poesia e Jazz, o desafio é antigo, mais ou menos palavra, mais ou menos improvisação, de que forma Andrew Rathbun resolve a equação é o que veremos no último concerto do Guimarães Jazz 2019.

O Guimarães Jazz não se completa nos treze concertos programados, porque de 7 a 16 de Novembro Guimarães é a verdadeira capital do Jazz, com workshops, jam sessions divididas entre o Café Concerto do Vila Flor e a Associação Convívio, e ainda concertos espalhados pela cidade, em cafés, jardins ou na rua.

Senhores e senhoras (ou senhoras e senhores ou outra coisa qualquer, como queiram), o Guimarães Jazz 2019 vai começar.

Programação:
Ivo Martins

Produção/ Organização:
Município de Guimarães, Oficina, Convívio

3 de Novembro de 2019