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Jazz no Parque - Serralves

 

 

 

2009

Donny McCaslin Group

Foi com uma candura quase infantil que Donny McCaslin me respondeu no final do concerto, confirmando o ascendente de Sonny Rollins na concepção e inspiração do trio que o saxofonista levou a Serralves. Esta é uma fórmula que poucos saxofonistas arriscam e ainda assim nem todos vencem: afinal eles estão como em nenhuma outra situação, expostos; mesmo mais, diria, que nos mais concisos duetos. O saxofonista é um dos lados do triângulo que se quer equilátero, mas ele é o lado mais visível!
McCaslin há muito se confirmou como um dos mais interessantes saxofonistas da sua geração, como nós mesmo temos vindo a ver como solista de eleição na orquestra de Maria Schneider, ao lado de David Binney, Dave Douglas, ou no ano passado com George Schuller. McCaslin não é apenas um poderoso saxofonista como a minha associação a Sonny Rollins poderia sugerir; ele é um saxofonista inventivo e completo, dominando por inteiro o instrumento como há muito não víamos. A história do saxofone está toda contida em Don McCaslin, mas não é fácil – embora seja possível - identificar aqui ou ali referências ou, pelo contrário, pensar nele como uma síntese. O discurso de McCaslin aproxima-se mais do que poderíamos chamar do saxofone total, que é afinal o que encontramos também num David Binney, e é diferente do que faz por exemplo James Carter, em que podemos ouvir uma referência, outra referência e outra referência (e claro que as referências são Eric Dolphy, Coltrane ou Anthony Braxton…). O saxofone de McCaslin possui toda a história do saxofone Jazz em cada sopro, poderoso e subtil, denso e mavioso, vertiginoso e dramático, dominador, definitivo.
O segundo aspecto a observar do concerto de Serralves, e que corresponde grosso modo ao editado no CD Recomended Tools de 2008, são os temas, todos eles originais de Don McCaslin, revelando a faceta de compositor emérito, mesmo se para ele lhe seria relativamente fácil ao vivo explorar um lado mais espectacular que o público sempre parece preferir. Trabalhando sobre materiais dispersos, entre Billy Strayhorn, Hermeto Pascoal, Bill Frisell ou ainda Rollins e Coltrane, os temas nunca se revelaram gratuitos, mesmo na exploração ao vivo, quer dizer nos solos.
Johnathan Blake, o baterista de Recomended Tools, e o contrabaixista Ricky Rodriguez (que substitui Hans Glawischnig), de que nunca ouvíramos falar, revelaram-se peças basilares no trio. Os dois estiveram sempre muito lá em cima, perfeitamente à altura do saxofone; mais do que irrepreensíveis, a todo o tempo versáteis, intervenientes e criativos, no acompanhamento como nos solos.
O concerto do ano!

JazzLogical esteve no Jazz no Parque a convite da Fundação Serralves.

Sáb 18-Jul
Porto
Ténis do Parque de Serralves
18:00

Kind Steps (O Legado de 1959)

Mário Barreiros (bat), Avishai Cohen (t), Ben Van Gelder (sa), Jesús Santandreu (st), Abe Rábade (p), Carlos Barretto (ctb)

Sáb 25-Jul
Donny McCaslin Group

Donny McCaslin (s), Johnathan Blake (bat), Ricky Rodriguez (b)

Sáb 1-Ago
Bennie Wallace «Plays Monk»

Bennie Wallace (s), John Hebert (ctb), Yoron Israel (bat), Donald Vega (p)