Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras
Sex
7-Mai
|
Oeiras
|
Auditório
Eunice Muñoz
|
22.00
|
Ciclo
Internacional de Jazz de Oeiras
|
Donny McCaslin Trio |
Donny McCaslin (st, ss), Scott Colley (ctb), Antonio Sanchez (bat) |
Sáb 8-Mai | Don Byron Ivey
Divey Trio
|
Don Byron (cl, st), Uri Caine (p), Tony Jefferson (bat) |
||||
Sex 21-Mai | Edward Simon
Trio
|
Edward Simon (p), Joe Martin (ctb), Henry Cole (bat) | ||||
Sáb
22-Mai
|
Jamie Baum Septet
|
Jamie Baum (fl, dir), Taylor Haskins (t), Doug Yates (clb, sa), Chris Komer (tro), George Colligan (p), Johannes Weidenmeuller (bat), Jeff Hirshfield (bat) |
O Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras (que este ano regressa
ao Auditório Eunice Muñoz) começa já na sexta
8 com o Donny McCaslin Trio, prosseguindo no dia seguinte como Ivey Divey
Trio de Don Byron.
Donny McCaslin - um dos mais sólidos saxofonistas da actualidade -
realizou o que foi para JazzLogical um dos grandes concertos do ano passado,
em Serralves. Com ele estarão o «monstro» Scott Colley
no contrabaixo e Antonio Sanchez na bateria num concerto absolutamente imperdível.
Há alguns anos assisti em Portalegre ao concerto deste Ivey Divey
de Don Byron – ele que é a referência moderna do clarinete
Jazz - que não correu tão bem como esperaria, provavelmente
devido a uma súbita gripe do músico. Esperemos que corrija
em Oeiras a menos boa impressão que nos deixou. Atenção:
com ele estará outro grande músico, o pianista Uri Caine. Sábado
9.
O festival completa-se dias 21 e 22 deste mês com Edward Simon e Jamie
Baum.
2009
A primeira semana do Oeiras Jazz decorreu atribulada devido à falta, por razões de saúde, do baixista do grupo de Rosario Giuliani, substituído por Danien Cabaud, e Enrico Rava, o líder do grupo da segunda noite, que delegou a direcção do combo no trompetista Gianluca Petrella, acrescendo-o de um saxofonista.
Rosario Giuliani fez um concerto bastante assertivo, dentro do que se convencionou chamar de neo-bop. Giuliani parece-me revelar influências por vezes carregadas de Jackie McLean, se bem que numa forma impetuosa que não deixa de me evocar o saxofone atípico de um Abraham Burton. Mas todos os músicos se mostraram à altura, com Cabaud (para quem estavam viradas as atenções) mais que eficiente, e apesar de apenas ter tomado contacto com o repertório da banda nessa mesma tarde. Assim se revela o nível dos grandes músicos que dominam a linguagem universal do Jazz. Música enérgica e comunicativa, de um grupo onde sobreluz a alegria de tocar.
Sem a presença do líder, o grupo da segunda noite tocou ainda assim o repertório planeado, não sem que algumas debilidades assomassem o estatuto de alunos que Gianluca Petrella nem sempre soube resolver. Petrella aliás que tentou colmatar as insuficiências do grupo com uma maior intervenção. As entradas do trombone, que evocam com frequência os estampidos do trombone de Gary Valente, nem sempre souberam apropriados numa música menos angulosa que o seu excelente Índigo 4.
Bem melhor esteve Miguel Zenon que trouxe a Oeiras o novo baterista do quarteto, o jovem Henry Cole, e nova música retirada do CD Esta Plena. Pessoalmente, com uma elevada expectativa que decorria do concerto do Estoril de 2008, o bop de referência porto-riquenha – influência que não foi clara para mim nessa altura – nem sempre fez o meu gosto. Mas Zenon é realmente um grande saxofonista e o grupo fez uma noite que soube a pouco. No testemunho das raízes porto-riquenhas, a música de Zenon revelou-se bastante melodiosa e epidérmica. A longa suite Alma Adentro proporcionou aos quatro músicos oportunidade para solarem, mas gostaria talvez de uma maior intervenção de Luís Perdomo. Menos dúctil e mais cantante que o conhecíamos esteve o saxofone de Miguel Zenon, mas mais que as prestações individuais, o grupo revelou-se sempre uma máquina eficiente e generosa.
A última noite
do Ciclo de Jazz de Oeiras encheu a sala para ver
Mário Laginha e Bernardo
Sassetti. Os dois pianistas são um
caso de sucesso que ultrapassa em muito o estrito universo do Jazz. Eles
têm tocado juntos desde há vários anos um repertório
que se inspira muito num cancioneiro popular «erudito», com relevo
para José Afonso. Um dos espectáculos que costumam rodar dá exactamente
pelo nome de «Grândolas», e foi exactamente com José Afonso
que começaram num arranjo que aglutinava Os Vampiros e Venham Mais
Cinco, e que no solo incluíam também um quasi boogie-woogie. Os
meus reparos ao concerto, que decorreu numa bonomia e boa disposição
contagiante, foram exactamente essa excessiva dependência do público
que resulta em alguns arranjos mais simplistas, com os solos mais jazzy pouco
naturais na sequência da exposição dos temas. O melhor
da noite, Traz Outro Amigo Também, apesar de um início
algo pretensioso, acaba por se revelar envolvente. Enfim, muitos reparos
para um concerto de dois músicos de excepção. As composições
de Laginha e Sassetti foram também muito interessantes e um único
Jazz standard, o Take the A Train, teve uma interpretação
escorreita.
Sex
30-Out
|
Oeiras
- Carnaxide
|
Auditório
Ruy de Carvalho
|
22.00 | Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras |
Rosario Giuliani
Quartet
|
Rosario Giuliani (st), Damien Cabaud (ctb), Pietro Lussu (p), Benjamin Henocq (bat) |
Sáb 31-Out | Gianluca Petrella
Quintet
|
Gianluca Petrella (trb), Giovanni Guidi (p), Pietro Leveratto (ctb), Fabrizio Sferra (bat), Dan Kinzelmann (st) |
||||
Qui 5-Nov | Miguel Zénon
Quartet
|
Miguel Zenon (sa), Luis Perdomo (p), Hans Glawischnig (ctb), Henry Cole (bat) | ||||
Sex
6-Nov
|
Mário
Laginha/ Bernardo Sassetti Duo
|
ML (p), BS (p) |
Lá diz o ditado que os festivais não se medem
aos palmos e o Oeiras Jazz parece confirmá-lo ano após ano.
Quatro concertos de pequeno, ele nem se considera a si mesmo um festival,
mas a verdade é que
começa a ser local de romaria obrigatória para os jazzómanos
da «Grande Lisboa». Pois aí está ele de novo.
E enquanto as obras – ao que consta – continuam no Auditório
Eunice Munoz, o Ciclo Internacional de Jazz de Oeiras repete no Rui de Carvalho
em Carnaxide, que é aliás uma sala de razoável acústica
e comodidade.
O nome mais apelativo para o grande público será o de Enrico
Rava que leva a Carnaxide o seu New Quintet onde brilha o trombone do animoso
Gianluca Petrella, mas este não será o único motivo
de interesse do festival. A prosseguir com Miguel
Zénon, o jovem saxofonista
porto-riquenho que é já uma estrela de primeiro plano na cena
internacional. A propósito refira-se que ele fez no Estoril o concerto
que a crítica nacional considerou o melhor do ano (ver em Jazzologia – Os
Melhores 2008). Desconhecido do grande público é em definitivo
o nome de Rosario Giuliani que abre o festival, mas ele é um dos pontas
de lança do Jazz post-bop da Europa, um sofisticado e exuberante saxofonista.
E falta referir o encontro de dois dos nossos mais que virtuosos pianistas – Mário
Laginha e Bernardo Sassetti -, numa noite que se adivinha mágica.
O festival, aliás ciclo, decorre em dois fins de semana, sexta e sábado
30 e 31 de Outubro e quinta e sexta seguintes, 5 e 6 de Novembro.
2008
Já o tinha dito o ano passado: a indecisão sobre a sala não
ajuda nada à afirmação do festival, e eis que ele regressa à sala
de há dois anos. Ouvi dizer que o Eunice Munoz ia para obras. Espero
que sim, se for para melhor. O local é bom e é histórico… Por
outro lado, esta sala é bastante razoável. Decidam-se lá,
pois.
Depois da forte programação do ano passado e com a forte concorrência
que cada vez traz mais músicos a Portugal, o Oeiras arriscava a passar
ignorado. Mas a programação voltou a dar cartas…
Dos quatro concertos agendados, Fly Trio, Orquestra
de Jazz de Matosinhos + Kurt Rosenwinkel, Tom Harrell
Quintet e Laurent Filipe «The Song
Band», só pude assistir aos dois primeiros. Mas sobre o fortíssimo
Jazz de Tom Harrell escrevi no texto sobre o Angra Jazz e quanto a Laurent
Filipe, ele é um dos mais competentes e populares jazzmen portugueses
e esta «The Song Band» é merecidamente apreciada.
Os Fly são constituídos por Jeff Ballard na bateria, Larry Grenadier no contrabaixo e Mark Turner no saxofone. Assinalei há tempos a edição nacional do disco (de 2004), como um grande disco «de baterista», e ele assim se me apresenta ainda. Fórmula de alto risco, o concerto revelou um maior equilíbrio no triângulo, com um Ballard mais comedido, um Granadier mais intrusivo e um Mark Turner relativamente sóbrio, mas a revelar determinação. O grupo atravessa uma fase de transição, que se revela na maior contenção, mas também na maior racionalização dos temas. Ainda assim, Fly voou **** (4/5).
Já a Orquestra
de Jazz de Matosinhos se revelou no seu melhor com Kurt
Rosenwinkel como solista convidado. Tenicamente
insuperável,
Rosenwinkel atravessa uma fase excelente, como o demonstra o último
CD duplo «The Remedy» e
realizou à frente da OJM um dos melhores concertos do ano, apenas
maculado pelo pouco tempo que a orquestra teve para ensaiar as suas composições.
Mas admito que noutros concertos que lhe seguiram ela se tenha superado.
O concerto valeu tanto pelas interessantes composições como
pelas intervenções do guitarrista, verdadeira torrente
de virtuosismo e alegria de tocar. No final do concerto, era visível
a satisfação
de Rosenwinkel, da orquestra e do público ****½ (4,5/5).
Sex 19-Set | Carnaxide (Oeiras)
|
Auditório Ruy de Carvalho
|
22.00
|
Ciclo
Int. Jazz de Oeiras
|
Fly Trio
|
Jeff Ballard (bat), Larry Grenadier
(ctb), Mark Turner (ss, st)
|
Sáb 20-Set | Carnaxide (Oeiras)
|
Auditório Ruy de Carvalho
|
22.00
|
Ciclo Int. Jazz de Oeiras |
Orquestra Jazz de Matosinhos +
Kurt Rosenwinkel
|
KR (g)
|
Sex
26-Set
|
Carnaxide (Oeiras)
|
Auditório Ruy de Carvalho
|
22.00
|
Ciclo Int. Jazz de Oeiras |
Tom Harrell Quintet
|
TH (t), Wayne Escoffery (st),
Danny Grissett (p), Ugonna Okegwo (ctb), Johnathan Blake (bat)
|
Sáb 27-Set | Carnaxide (Oeiras)
|
Auditório Ruy de Carvalho
|
22.00
|
Ciclo Int. Jazz de Oeiras |
Laurent Filipe «The Song
Band»
|
LF (t, flis), Rodrigo Gonçalves
(p), Nelson Cascais (ctb), João Cunha (bat)
|
2007
Sex | 21-Set | Oeiras | Auditorio Municipal Eunice Muñoz | 22.00 | Ciclo Internac. de Jazz Oeiras | Quarteto André Fernandes - AF (g), Mário Laginha (p), Nelson Cascais (ctb), Alexandre Frazão (bat) |
Sáb | 22-Set | Oeiras | Auditorio Municipal Eunice Muñoz | 22.00 | Ciclo Internac. de Jazz Oeiras | Steve Wilson Quartet - SW(sa, f), Danny Grissett (p), Ed Howard (ctb), Adam Cruz (bat) |
Sex | 28-Set | Oeiras | Auditorio Municipal Eunice Muñoz | 22.00 | Ciclo Internac. de Jazz Oeiras | Human Feel Quartet - Andrew D’Angelo (sa, cl-b), Chris Speed (st, cl, cl-a), Kurt Rosenwinkel (g), Jim Black (bat) |
Sáb | 29-Set | Oeiras | Auditorio Municipal Eunice Muñoz | 22.00 | Ciclo Internac. de Jazz Oeiras | Drew Gress Quintet «7 Black Butterflies» - Ralph Alessi (t), Tim Berne (sa), Craig Taborn (p), Drew Gress (ctb), Tom Rainey (bat) |
Ciclo Internacional
de Jazz de Oeiras
O «Oeiras» começa
a habituar-nos com a sua regularidade outonal e uma programação
de quem anda há muito nestas coisas. O cardápio é por norma
cuidado e variado, com pratos que vão do mainstream norte-americano, ao
melhor do Jazz nacional, ao Jazz mais moderno que soube digerir bem o free mas
tem um olho na tradição.
Alguma indecisão na sala leva-nos a perguntar se o «Oeiras» já estará de
facto com os pés bem assentes na terra. Creio que uma boa divulgação
e algum maior arrojo na programação, em termos de número
de concertos principalmente (e eventualmente com nomes mais chamativos que não «melhores»),
poderia solidificar o seu estatuto. O ano passado o festival passou por Carnaxide.
Será desacertado espalhar o festival por mais que uma sala e localidades?
Os jazzómanos de Oeiras (e da Grande-Lisboa) poderiam ser chamados ao
festival com uma maior audácia.
Em 2007 o«Ciclo» começa com o grupo de André Fernandes, um dos nossos mais credenciados guitarristas
e um bom compositor. Espera-se Jazz a deslizar em esferas.
No sábado 22 é a vez de Steve Wilson, um saxofonista e flautista
norte-americano
com os pés bem assentes na tradição. Steve Wilson, que já esteve
por diversas vezes em Portugal tocou com Chick Corea, Dave Holland, Michael Brecker,
Maria Schneider e inúmeros outros, possui também uma já algo
extensa discografia e é um líder reconhecido. Um bom concerto em
perspectiva.
Os Human Feel que irão tocar em Oeiras é um
grupo algo irregular, com assento de nascimento de 1991. O Jazz orgânico
que praticam é uma feliz combinação de modernidade e memória.
A própria enumeração dos seus componentes é eloquente:
Andrew D'Angelo, um saxofonista/ clarinetista que tocou com Matt Wilson e Bobby
Previte e foi membro da Either/Orchestra; o expressivo Chris Speed, conotado
com a downtown nova-iorquina, o telúrico Jim Black, cujas fontes de
inspiração se situam algures entre a África Negra, Tony
Williams e o rock, e o sofisticado Kurt Rosenwinkel, herdeiro da guitarra da
west coast. Com tantos adjectivos, o melhor é mesmo confirmar. No Auditório
Municipal Eunice Munoz.
No sábado a coisa
acelera (e encerra por este ano). O quinteto que Drew
Gress traz a Oeiras pratica um Jazz moderno e duro, impulsionado
pela bateria de Tom Rainey e o saxofone de Tim Berne. O poderoso Drew Gress
está no comando das operações e conhece há muito
a sua tripulação. As interrogações virão
talvez de Craig Taborn, um pianista inquieto que procura um caminho e Ralph
Alessi, um trompetista que alterna entre o explosivo e o cerebral podem fazer
a diferença sob a batuta sábia do contrabaixista.