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Fred Hersch Trio, Live in Europe

A singularidade de Fred Hersch reside, não tanto na originalidade do seu estilo, mas no seu carácter enciclopédico. E refiro-me não apenas ao seu conhecimento ou capacidade de tocar qualquer coisa, mas na absorção da infinidade de formas pianísticas, que este Live in Europe, gravado em Bruxelas evidencia.

Hersch começa por atacar Thelonious Monk (“We See”) de forma absolutamente genial, mergulha no bop (“Skipping”), recolhe-se à melancolia e elegância de John Taylor (“Bristol Fog”), renasce na alegria do calypso dedicado a Sonny Rollins, reinventa o piano de Herbie Hancock nos dois temas de Wayne Shorter (“Miyako” e “Black Nile”), regressando enfim, no encore, para um soberbo Monk (Blue Monk) a solo. Seis originais, incluídas as homenagens, que revelam ainda a forma de composição do pianista, que não apenas escreve para o piano, mas genuinamente para o trio: o piano não apenas oferece “espaço” para a bateria e o contrabaixo, mas eles fazem parte da música a todo o momento, como se as canções não sobrevivessem sem eles.

Um dos grandes discos do Fred Hersch Trio, e verdadeiramente há que contar com as personalidades de John Hébert e Eric McPherson; um raro caso de felicidade no casamento (smile), revelado à saciedade neste Live in Europe.

Fred Hersch: p
John Hébert: ctb
Eric McPherson: bat

 

Fred Hersch Trio, Live in Europe, Palmetto Records 2018

 

(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)

 

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