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Archie Shepp
Ocean Bridges
CD Redef Concept 2020

 

 

Archie Shepp é o último representante da ala mais politizada do free-jazz dos anos 60/70. A negritude do Jazz de Archie Shepp está sempre presente no sentido do blues que é seu património e na radicalidade das suas propostas musicais, que nunca tiveram barreiras. Saxofonista, líder, performer, poeta, cantor, Archie Shepp é um artista no verdadeiro sentido do termo.
Em Ocean Bridges, Shepp surge ao lado do rapper Raw Poetic (Jason Moore, seu sobrinho, com quem tinha tido já uma efémera colaboração) e que inclui ainda uma turntable e respectivo scratcher, um piano eléctrico wurlitzer, um sintetizador, vozes e baixo eléctrico, para além dos saxofones, bateria e percussões e guitarra.
Archie Shepp já não é o poderoso saxofonista de outrora, mas o som que arranca possui a irreverência, a profundidade e a «sujidade» adequada para um disco que bebe do «jazz da rua» (e da alegria do Jazz da rua), combinando funky e rap e poesia (spoken word) e blues e a experimentação e a actualidade que fez dele o guru do Jazz.
Apesar de gravado em estúdio, Ocean Bridges foi inteiramente improvisado em estúdio a partir de alguns elementos prévios, e possui a energia e essa crueza do Jazz genuíno que nasce da condição negra dos EUA.
Ligando gerações, Ocean Bridges é um exemplo maior da modernidade e da inquietude do grande músico que é Archie Shepp.

 

Archie Shepp: st, ss, wurlitzer
Raw Poetic (Jason Moore): voz/raps/lyrics
Earl "Damu the Fudgemunk" Davis: bat, vib, voz, turntable
Pat Fritz: g
Aaron Gause: wurlitzer, Sint
Luke Stewart: ctb, b-el
Jamal Moore: st, per
Bashi Rose: bat, per

(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)