Cécile McLorin Salvant
Ghost Song
CD Nonesuch Records 2022
É logo desde o primeiro tema, quando Cécile McLorin Salvant arranca com «Wuthering Heights», o tema popularizado por Kate Bush em 1978, inspirada no clássico de Emily Brontë, que ficamos a saber que este não vai ser um disco de standards. O que confirmamos mais à frente com a evocação do Wizard of Oz em «Optimistic Voices» como introdução para o hit de Gregory Porter, «No Love Dying».
Segue-se o primeiro dos sete originais da cantora, «Ghost Song», que dá o nome ao álbum, um misto de blues, work song e Americana, numa pungente interpretação que remata com um coro infantil. E o disco alterna com «Until» de Sting, em jeito de chorinho, «The World is Mean», recuperado de uma ópera de Kurt Weil, e seis composições muito pessoais de Cécile, como «Obligation», sobre as relações amorosas, o desesperado «I Lost my Mind» – I lost my mind/Can you help me find my mind? -, que poderia ter sido feito por Laurie Anderson, e que termina de forma dramática com um órgão de tubos, ou um singelo «Moon Song», apenas acompanhado por um discreto trio de piano.
Pelo meio Cécile toca piano e o disco completa-se com a cantora a capella interpretando «The Unquiet Grave», uma canção tradicional folk inglesa sobre o amor perdido.
Canções de amor e desespero, que Cécile compôs ou de que se apropriou, sem preocupações formais de se situar dentro ou fora do Jazz (mesmo se convocou para o disco um grupo de competentes e inspirados músicos de Jazz), mas da mesma forma ela utiliza a electrónica ou instrumentos acústicos e instrumentistas mais atípicos no Jazz, apenas escolhidos para um fim, que são as composições, a cada momento.
Dolorido e maravilhoso, Ghost Song.
Cécile McLorin Salvant (voz, p)
Paul Sikivie (ctb, b-el, sint)
Sullivan Fortner (p, f-r)
Alexa Tarantino (f)
Aaron Diehl (p, pipe organ)
Marvin Sewell (g)
James Chirillo (bj)
Daniel Swenberg (lute)
Burniss Travis (b)
Kyle Poole (bat)
Keita Ogawa (per)
Brooklyn Youth Chorus (coro)