Luís Figueiredo & Orquestra Jazz de Matosinhos
Se por acaso
CD Roda Music 2022
Mesmo se não é esta a primeira vez que Luís Figueiredo trabalha com grandes formações, este é, creio, o seu primeiro disco concebido para ser interpretado por uma orquestra.
Em «Se por acaso» Figueiredo assumiu a orquestra como instrumento, ao invés do piano, como são os casos mais evidentes de «L’Aventure Comence» ou «En Passion», dois arranjos seus para composições antigas e dois dos momentos mais estimulantes do disco, a par do «Canção para o Bernardo». E curioso é que Figueiredo tenha optado por dispensar a secção rítmica da Orquestra Jazz de Matosinhos, coartando-lhe alguma da sua impulsividade e moldando-a à sua forma mais melíflua.
O instrumento natural de Luís Figueiredo é o piano, com um estilo que denuncia a sólida formação clássica - que se cola aos dedos-, mas também a influência do professor Mário Laginha ou de Bernardo Sassetti.
Sassetti é mesmo o preiteado no primeiro tema do disco, e Sassetti deixou uma herança pesada em Figueiredo; não apenas na abordagem clássica do teclado, mas de igual forma na melancolia que lhe percorre as melodias.
Todas as composições foram escritas por Figueiredo e, com excepção de duas: um empolgante «Penélope» e «Azáfama», com arranjos de Carlos Azevedo, todas as orquestrações lhe pertencem, com algum privilégio para o piano como instrumento solista.
Este é claramente um disco de Luis Figueiredo no sentido em que usou a orquestra para os seus propósitos, nunca a deixando elevar-se e impondo-lhe uma serenidade e uma forma burilada, barroca, diria, que é muito própria.
Luís Figueiredo (p)
Bernardo Moreira (ctb)
Bruno Pedroso (bat)
OJM:
Pedro Guedes (dir)
João Guimarães (sa, cl)
João Pedro Brandão (sa, f, cl)
Mário Santos (st)
João Pedro Coelho (st, ss)
Rui Teixeira (sb, clb)
Luís Macedo (t)
Ricardo Formoso (t)
Rogério Ribeiro (t)
Javier Pereiro (t)
Daniel Dias (trb)
Gil Silva (trb)
Andreia Santos (trb)
Gonçalo Dias (trb)
(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)