Lakecia Benjamin
Phoenix
CD Whirlwind Recordings 2023
Há músicos que começam a gravar discos com 18 anos e gravam três ou quatro por ano e há músicos que esperam pacientemente até terem coisas para dizer. Lakecia Benjamin pertence a esta última categoria. Depois de uma carreira ao lado de músicos pop, de música latina e de Jazz, Lakecia estreou-se no estúdio com 28 anos, num álbum – Retox - muito contaminado pela pop/soul/rap, com uma mensagem de paz e amor, algo ingénua, talvez, mas sincera. Os três álbuns seguintes, até este - Phoenix -, de 2023, confirmam as suas fontes de inspiração, mas acrescentam-lhe mais mensagem política e Jazz.
E no saxofone, o seu instrumento, Lakecia Benjamin é um vulcão. Aqui ela não inventou nada: ela foi beber aos melhores, a Coltrane, Charlie Parker e Wayne Shorter, e diria que aprendeu tudo o que havia a aprender. Mas ela é original nesta fusão de elementos pop com o Jazz que podem causar estranheza aos mais puristas, mas é a sua marca. (E afinal se os clássicos tinham como referências o ragtime ou Gershwin, que eram a sua música pop, Lakecia tem o rap)
Phoenix é um álbum muito pessoal, em que ela parte do grave acidente que sofreu há apenas dois anos (a Fénix renascida), para a mensagem explícita de paz que era do de John e Alice Coltrane, o racismo e o activismo político pela spoken word de Angela Davis, para a família e a quietude das coisas boas da vida de permeio com a arte do malogrado Basquiat.
Saxofonista e autora de corpo inteiro, Lakecia Benjamin fez-se esperar, mas valeu a pena.
Lakecia Benjamin (s, voz, sint)
Victor Gould (p, or, rhodes)
EJ Strickland (bat)
Ivan Taylor (ctb, b-el)
Josh Evans (t)
+
Wallace Roney Jr (t)
Anastassiya Petrova (rhodes, or)
Orange Rodriguez (sint)
Nêgah Santos (per)
Jahmal Nichols (ctb)
Josée Klein (v)
Laura Epling (v)
Nicole Neely (viola)
Cremaine Booker (celo)
+
With special guests:
Georgia Anne Muldrow (voz, sint)
Patrice Rushen (p)
Dianne Reeves (voz)
Sonia Sanchez (poesia)
Angela Davis (spoken word)
Wayne Shorter (spoken word)
(Este texto foi publicado no Jornal de Letras)