Bernardo Sassetti
Motion
CD Clean Feed 2010
Existe uma contradição em Bernardo Sassetti, um dos grandes pianistas de Jazz nacionais que, de há muito que não precisando provar nada a ninguém, foi atraiçoado pelo (merecido) sucesso de um disco, “Nocturno”, de 2002. Desde então, ele que é um dos mais profícuos músicos nacionais, parece procurar um som e uma personalidade que lhe fugiu por entre os dedos nos menos interessantes “Ascent” ou “Unreal”, mas que parece encontrar-se num classicismo que realmente tem muito a ver com Chopin, como por outro lado na forma feliz de sinestesia que realiza na música para cinema.
“Motion” reflecte uma vez mais essa contradição ao recuperar o trio de piano Jazz mas sem lhe aproveitar a energia possível, hesitando entre o romantismo e o Jazz, abusando de tiques e clichés, e os momentos melhores são os mais «visuais», “O Homem Que Diz Adeus” ou “Vagabundo”, mas não deixam de ser interessantes o mais intimista “Homecoming Queen”, “Reflexos”, inspirado talvez em Philip Glass, e “Bird & Beyond” (digo eu que sou suspeito) a recordar como Sassetti não esqueceu.
Bernardo Sassetti (p)
Carlos Barretto (ctb)
Alexandre Frazão (bat)
(Este texto foi publicado em Jazz 6/4 #5)