Bode
Wilson
26
CD
Carimbo PortaJazz 2014
Minimalista na fórmula – trio de saxofone, contrabaixo e bateria –, Bode Wilson revela de forma exemplar a maturidade do novo Jazz nacional. Equilátero na forma, o triângulo é um exemplo de contenção e rigor, descartando veleidades e exibicionismos, mesmo se sápida e realmente inspirada. A ausência do instrumento harmónico empresta rugosidade à música dos Bode Wilson, mas ela é apesar disso envolvente.
Demian Cabaud e Marcos Cavaleiro têm tocado com frequência em trio, mas quase sempre com piano ou vibrafone, e são considerados um modelo de eficácia como secção rítmica. Já João Pedro Brandão é uma revelação na forma segura e inventiva nesta fórmula difícil. Ainda assim, este é, como disse, um triângulo equilátero e o protagonismo está realmente dividido entre os três.
26 - o nome do disco - é composto de uma dúzia de composições da autoria dos três músicos, onde é notória a inspiração num melodismo muito luso e bastante (o que mais me desagrada nele, mas isso será apenas o meu gosto) melancólico.
Música exigente, onde os músicos se expõem sem truques, onde a verdade vem à tona; a verdade da arte do instrumento, do engenho da improvisação e da composição, onde a individualidade se comprova no seio do grupo, na capacidade de ouvir e interagir.
Um dos melhores
discos de 2014.
João Pedro Brandão
(sa, f)
Demian Cabaud (ctb)
Marcos Cavaleiro (bat)