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Branford
Marsalis
Metamorphosen
CD Marsalis Music 2009
Joey Calderazzo (p)
Eric Revis (ctb)
Jeff «Tain» Watts (bat)
Brandord Marsalis (st, sa, ss)
Quem assistiu no ano passado ao concerto do Quarteto de Branford Marsalis talvez
fique surpreendido com este disco, gravado até pouco depois do concerto,
mas editado em 2009. Depois de um início fulgurante, Metamorphosen é estranhamente
cortado logo de seguida com uma balada, The Blossom of Parting. O nonsense
de Lewis Carroll é a inspiração para um irrequieto bop – Jabberwocky
-, de novo cortado em Abe Vigota e de novo impelido com a energia de Rhythm-a-Ning,
e assim até ao último tema.
Metamorphosen é o produto da pena dos quatro membros da banda e daí talvez
o aparente desequilíbrio. Mas realmente ele é o registo da vida
do grupo e uma homenagem aos mestres e amigos desaparecidos. A melancolia que
atravessa o disco, algo invulgar em Branford, acaba por se revelar natural,
e ela é por vezes pungente, como no belíssimo The Blossom of
Parting de Calderazzo (que o grupo tocou no Estoril com Branford no soprano).
A homenagem mais explícita é a de Monk em Rhythm-a-Ning, mas
também em Sphere de Eric Revis ou ainda na intrincada balada dedicada
a Abe Vingota. Com a excepção de Eric Reeves num belíssimo
solo em And Then, He Was Gone e algumas intervenções para o saxofonista,
com destaque para The Blossom…, os membros do grupo quase não
intervêm individualmente, sendo de assinalar a coesão e a empatia
absolutas, o que obviamente resulta do facto de tocarem juntos há mais
de dez anos; mas também devido ao elevado nível técnico
dos músicos.
Intenso como poucos, Metamorphosen é um dos mais belos discos do Quarteto
de Branford Marsalis.