Craig Taborn
Avenging Angel
CD
ECM 2011
Craig Taborn (p)
Creio que a primeira vez que ouvi falar de Craig Taborn terá sido pela sua participação no quarteto de James Carter em Jurassic Classics, grupo que viria a Cascais, ao Estoril Jazz de 1995. Concerto fabuloso esse, com todo o grupo a tocar no máximo; máximo de energia, máximo de velocidade, máximo de virtuosismo. Mas para quem esperava de Craig Taborn uma história mais ou menos mainstream (que esse combo sugeria), o percurso do pianista haveria de desmentir e o grupo que se apresentou no Jazz em Agosto de 2006 dificilmente poderia ser confundido com o grupo de Carter.
Como músico de Jazz, Taborn descende dos pianistas de culto dos anos 60 e 70 como Lennie Tristano e Paul Bley, mas a sua música deve igualmente muito à música erudita, como o revelam por exemplo a utilização do silêncio ou as intrincadas harmonias de algumas das peças.
Avenging Angel, apresentação a solo, gravada nas melhores condições na sala de recitais de Lugano do RSI Studio, com um Steinway fantástico, pelos melhores técnicos de Manfred Eicher, é a peça que faltava no currículo de Craig Taborn, e creio que não exagerarei se disser que ele será nos próximos anos uma referência do piano. Avenging Angel é constituído por treze peças, treze improvisações, notáveis pela consistência, pela criatividade e pela erudição.
Música angulosa, raramente melódica, harmonias insólitas, silêncio nunca antes ouvido, estruturas vagas sucedendo-se a ritmos obsessivos ou turbilhões de notas, insuportáveis de violência. Em peças de especial dificuldade de execução como "Gift Horse/ Over The Water", "Neither-Nor" ou "Avenging Angel", Taborn revela-se um pianista ambidextro, enquanto noutras como "This Voice Says So" ou "Diamond Turning Dream" ao silêncio, insuportável, sucedem-se notas disparadas como setas. Enfim, "Forgetful" é a derradeira "canção".