Manuel Sousa (t)
Flávio Cardoso (t)
César Cardoso (st)
Ricardo Carreira (trb)
Pedro Santos (bj tenor, voz)
Daniel Marques (tu)
João Maneta (bat)
+
Filipe Melo (p)
Maria João (voz)
O dixieland é tipicamente
uma música de rua
e a sua passagem ao estúdio dificilmente resulta feliz. As razões
prendem-se com as limitações próprias das músicas
folclóricas – o dixieland é um subgénero do
Jazz com raízes directas no Jazz antigo de New Orleans, e obedece a
formas e fórmulas bastante apertadas que lhe tolhem alguma liberdade de
criação;
não significando no entanto que não possua grandes instrumentistas
e que ao contrário de muito do Jazz intelectualizado, não revele
uma enorme alegria que radica no prazer dos próprios instrumentistas
que se comunica muito rapidamente ao público. Mas, como disse, a sua
gravação raramente faz justiça a essa felicidade.
Os Desbundixie
são uma das poucas bandas nacionais de dixieland que se ousou
gravar.
Up 2 Nine (sete músicos mais dois convidados) é composto de
14 standards, alguns deles arranjados para dixieland, como The Original Dixieland
One Step, West End Blues ou Muskrat Ramble, onde os músicos revelam
inequivocamente as competências para fazer um bom espectáculo.
Veteranos do dixieland, e conscientes talvez da limitação do
género, convidaram para a gravação o pianista Filipe Melo
e a cantora Maria João que toca (ele) e canta (ela) em alguns dos temas.
A ideia é realmente boa, mas nem tudo correu pelo melhor: melodista
profundo, Filipe Melo não ousou o stride que a música necessitava,
mesmo se procurou por vezes, como em Sweet Georgia Brown, ser percussivo. Já a
Maria João, que esteve regular no popular What a Wonderful World, está desastrada
em Baby, Wont You Please Come Home. Obviamente ela não se está a
ouvir quando apalhaça a letra da belíssima canção
imortalizada por Bessie Smith. Lamentável.
Ainda assim, e apesar das observações, em Up2Nine os Desbundixie
demonstram porque é que são considerados uma das melhores bandas
nacionais de dixieland.