Flajazzados
Flajazzados
CD
AGM, 2011
Pedro Gil (g)
Marcos Martins (b-el, ctb)
Sonia little b Cabrita (bat)
Zé Eduardo (p, tec, ctb)
Jesus Santandreu (st)
Toni Belanguer (trb)
Vitor Reia (voz)
Viviane (voz, f)
Flajazzados é o
nome da mais recente provocação
de Zé Eduardo, o deão do Jazz português. Flazazzados, nome
do grupo que há algum tempo roda na estrada, mas que agora se estreia
em disco também, faz-se notar desde o primeiro minuto pela vocalização,
declamação e pelo sarcasmo e nonsense das letras. Tudo
suportado por uma excelente banda sonora, como por vezes parece poder ser entendida,
já que o disco é todo ele bastante visual, mercê até da
gravidade e do sarcsmo da voz de Vitor Reia, autor também
das letras.
Trata-se de um disco de canções, se de canções
pudermos falar das letras ditas por Reia, que têm nomes no mínimo
invulgares como «a passarada avoa, avoa» «lenda mal parida» ou «deus
anda de lado». Mas ainda assim o Jazz está obviamente sempre ali,
ou não fosse Zé Eduardo o autor de toda a música do disco;
até mesmo nos temas mais funky ou no momento de fado que se intromete
na «lenda
mal parida»,
cantada por Viviane. A música serve a letra, fazendo do disco uma peça
invulgar no panorama Jazz nacional (mas realmente nada em Zé Eduardo é vulgar,
mesmo quando é menos conseguido), mas o Jazz vai-se intrometendo pela
voz do saxofone de Jesus Santandreu, no trombone de Toni Belanguer, nas baquetas
de Sónia Cabrita ou até mesmo no piano de Zé Eduardo. E
a solidez e consistências deste Jazz faz realmente a diferença.
Não sendo um típico disco de Jazz, nem é essa a sua intenção,
o disco de estreia dos Flajazzados é uma pedra no charco do panorama
Jazz nacional, onde o humor anda de mãos dadas com a música;
uma coisa que vem fazendo muita falta no panorama nacional muito dado à melancolia.