Jimmy Owens
The Monk Project
CD
IPO recordings 2012
Jimmy Owens (t, flis)
Howard Johnson (sb, tu)
Markus Strickland (st)
Wycliffe Gordon (trb)
Kenny Barron (p)
Kenny Davis (b)
Winard Harper (bat)
O trompetista Jimmy Owens nasceu em New York em 1943, por altura das celebradas sessões do Minton's onde nasceu o bebop e onde Thelonious Monk se revelou.
Jimmy Owens é um ilustre desconhecido. Tendo começado a tocar ainda no final da década de 50, o trompetista tocou com Slide Hampton, Lionel Hampton, Gerry Mulligan, Charlie Mingus e Max Roach, Duke Ellington, Dizzy Gillespie, Count Basie, entre outros, fez parte da Thad Jones/ Mel Lewis Orchestra, da big band de Clark Terry, da Mingus Dinasty, etc, etc. Apesar do currículo impressionante, são poucos os títulos de Owens em nome próprio: três discos gravados ainda nos anos 70, Peaceful Walking em 2007 e agora este The Monk Project.
Owens escreveu os arranjos para o septeto de algumas das peças mais emblemáticas de Monk, entre Bright Mississippi, Well You Needn't, Pannonica, Brilliant Corners ou Epistrophy e apenas uma das composições de entre as dez escolhidas lhe não pertence; significativamente – é um disco de bop - It Don't Mean a Thing, de Ellington. Os arranjos para o septeto são muito interessantes, e a execução de toda a banda é exemplar. Mesmo tratando-se de um disco de Jazz clássico, a forma como trabalha os temas é muito inventiva, interpondo solos e chorus, opondo uníssonos às vozes individuais, reagrupando instrumentos, introduzindo alterações súbitas de ritmo ou reescrevendo as harmonias. O alargado painel de instrumentos utilizado, onde constam quatro sopros mais secção rítmica, oferece-lhe possibilidades que Jimmy Ownes não desperdiça.
Não estão nunca nas suas intenções originalidade ou reinvenção, mas apenas recuperar a música de Monk, o que faz, apesar do questionável arredondamento das formas mais angulosas dos originais de Monk (as minhas dúvidas vão em especial para o pouco incisivo piano de Kenny Barron) com grande entusiasmo e correcção.
Thelonious Monk foi um dos maiores génios da música do século XX. A sua herança confunde-se com o próprio Jazz, de tal forma ele continua a ser recordado e tocado por um sem número de jovens músicos, mas ela (a herança) vai mesmo muito além, já que o seu espólio tem vindo a ser descoberto e redescoberto também pela música erudita.
Este é um disco que pode oferecer um grande prazer aos fãs da música de Thelonious Monk, entre os quais me conto.