Joe Zawinul (tec, vocoder)
Sabine Kabongo (voz, per)
Alegre Correa (g, voz, berimbau)
Linley Marthe (bass)
Paco Sery (bat, kalimba, voz)
Jorge Bezerra (per, voz)
Aziz Sahmaoui (per, voz)
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Wayne Shorter (ss) em In a Silent Way

Este disco é o resultado do concerto do Zawinul Sindicate na cidade de Lugano, exactamente no dia do 75º aniversário de Joe Zawinul, e apenas escassos dois meses antes do seu desaparecimento; acrescido de uma versão de In A Silent Way, interpretado em duo por ele e Wayne Shorter e igualmente registado ao vivo menos de um mês após.
Para o melhor e para o pior Zawinul levou mais longe que ninguém o caminho do jazz eléctrico (ou se quiserem o jazz-rock) que Miles Davis abrira, acentuando-lhe e depurando a matriz rítmica, ao mesmo tempo que a electricidade ganhava uma enorme importância, levando ao quase desaparecimento dos instrumentos acústicos típicos do Jazz. O Zawinul Sindicate, que sucedeu ao popular Weather Report dos anos 70, acentuou nos últimos tempos a faceta world music da música de Zawinul, o que se torna particularmente notório neste disco. A começar pela formação, composta por dois brasileiros, uma marroquina, uma congolesa (uma das vozes dos Zap Mama), o baterista da Costa do Marfim e um baixista das Maurícias; com as percussões e as vozes em maioria. A vertigem rítmica é assegurada por uma vigorosa e colorida secção rítmica, e apenas ele nas teclas e no vocoder que se tinha tornado «imagem de marca» desde os tempos dos Weather Report.
Virtuoso inexcedível, Zawinul ganhou um sem conta de prémios como teclista, e desde sempre uma popularidade invejável entre o público; talvez tanta quanto a animosidade da crítica. A exuberância gratuita e o facilitismo das propostas fazem parte das acusações da crítica; mas eu creio que por detrás da exuberância e do colorido do espectáculo está uma enorme musicalidade comunicabilidade que é naturalmente e despretensiosamente contaminada pela pop. E a verdade é que ele era um original; a verdade é que foi ele que inventou este som.
Ao ouvir este arrebatado 75th, ninguém diria que Joe Zawinul acabaria por desaparecer apenas dois meses após; mas a força e a alegria de tocar estiveram com ele quase até ao fim e a máquina Zawinul Sindicate nunca soçobrou. Talvez que se note a sua condição física na apesar disso inspirada interpretação de In a Silent Way com Wayne Shorter (a título de curiosidade recorde-se que In a Silent Way, tema que deu nome a um dos mais célebres álbuns de Miles Davis, é um original precisamente de Zawinul que também tocaria nesse disco).
Disco de homenagem póstumo, é um incontornável para os fãs do género. Para os restantes aconselha-se prudência.