José Pedro Coelho
Clepsydra
CD Carimbo PortaJazz 2012

José Pedro Coelho (st, clb)
Hugo Raro (p)
Miguel Moreira (g)
Demian Cabaud (ctb)
Marcos Cavaleiro (bat)

A Clepsydra, o relógio de água dos egípcios, inspirou o primeiro disco de José Pedro Coelho. Com a bênção do deus do tempo (sem a pressa dos estouvados), José Pedro esperou longamente o momento certo, para fazer um dos melhores discos de 2012.
José Pedro Coelho é um dos nomes mais seguros do Jazz nacional. Formado na ESMAE, com uma já relativamente longa carreira como saxofonista, ele estudou e tocou com nomes tão diferentes quanto Mark Turner, Chris Cheek ou Lee Konitz, tocou com «toda a gente» em Portugal, contando desde há muito com um lugar cativo na Orquestra Jazz de Matosinhos.
Com 28 anos de idade, e um currículo tão vasto, faltava-lhe no entanto uma obra registada em seu nome, capaz de o estabelecer entre autores e líderes. Clepsydra surge assim, naturalmente, no percurso de José Pedro Coelho, uma obra longamente amadurecida.
Clepsydra é um disco «de saxofonista» na concepção. Saxofone contido, mais cerebral que arrebatador, ele mostra-se lírico por vezes, sempre inspirado, denso. Ora bucólico, ora assaltado pela modernidade das guitarras rock urbanas, soprando melodias ou precipitando-se num caos sonoro, Clepsydra vai revelando aos poucos a personalidade multifacetada de José Pedro Coelho.
Consistente é também a banda, a que poderia ser oferecido talvez algum maior protagonismo, que aqui e ali revelam merecer. Mas é obviamente uma decisão premeditada, que decorre da construção do disco.
Clepsydra é um disco de Jazz inequívoco, moderno, consistente na construção, revelando a faceta desconhecida de compositor, que completa agora (para o público) a personalidade do sólido saxofonista que é José Pedro Coelho.
Uma estreia como todas deveriam talvez ser: maturada e saborosa.