Ricardo Barriga
Big Weird Box
CD Ranging Planet 2012

Ricardo Barriga (g)
Matthew Berrill (sa)
Nuno Campos (ctb)
Luis Candeias (bat)
+
Desidério Lázaro (st)

O disco de estreia de Ricardo Barriga - Big Weird Box - é uma boa surpresa. O disco revela uma formação bastante ecléctica e uma prática e horizontes alargados, mesmo se o disco nunca rompe formalmente com o Jazz. Sente-se em Big Weird Box uma clara pulsão rock, o que não surpreende, dada a colaboração de Barriga em várias bandas rock e pop, mas também uma vontade de escapar às harmonias clássicas. Tecnicamente a guitarra de Ricardo Barriga não pertence à (fértil) escola nacional, mas também não cai no logro das «improvisações livres». Há muito da modernidade de Kurt Rosenwinkel, Bill Frisell ou Frank Mobus, ou mesmo do rock «alternativo» mais ácido, e a modernidade da guitarra prolonga-se pelas composições. Com uma excepção ("Tree Piece", de Matthew Berrill), todas as composições são da autoria do líder, de estrutura quase sempre relativamente simples, pouco clássicas, mas a revelar-se engenhosas enquanto motivadoras para os músicos.

A banda, muito coesa, revela um conhecimento muito próximo a par de uma grande solidez. Luís Candeias e Nuno Campos complementam-se seguros na base rítmica, eficiente mas discreto Campos, mais generoso Candeias, confirmando o lugar cimeiro que ocupa entre os bateristas nacionais da actualidade. Versátil, subtil, sólido.
Matthew Berrill é o profícuo saxofonista do quarteto. Sempre muito próximo da guitarra de Barrigas, ganha alma com a presença de Desidério Lázaro, o tenor convidado em quatro dos temas do disco. Os dois saxofones protagonizam alguns dos mais inspirados momentos do disco, ora construindo diálogos, ora competindo entre si

Ricardo Barriga revela maturidade e inspiração numa primeira obra, a marcar a diferença. Big Weird Box é já mais que uma promessa, com momentos realmente empolgantes.