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Susana Santos Silva
Devil's Dress
CD TOAP 2011

 

Susana Santos Silva de há muito que se fez notar como um dos mais seguros valores do Jazz nacional, na Orquestra Jazz de Matosinhos, na Orquestra da ESMAE, à frente do seu próprio combo e ocasionalmente noutros contextos. Depois de rodar algum tempo, surge agora Devil’s Dress, o disco de estreia, com uma mão cheia de originais, seis de entre eles escritos por si e dois outros por Demian Cabaud e André Fernandes.
Com trinta anos de idade, Susana parece querer quebrar a recente apetência de alguns jovens de gravar a todo o custo: este é pelo contrário um disco maturado nos pormenores. A formação e experiência de Susana não engana, e Devil's Dress é um disco de sólido Jazz, inscrito no que hoje se designa vagamente de post-bop, e que corresponde basicamente ao moderno mainstream; uma síntese da herança do bop e do Jazz clássico (que inclui tudo desde o hard-bop ao cool), mas que integra com frequência muito do que se passou no Jazz nos anos 70 e também até do moderno pop.
É um disco denso, onde são observáveis as influências da trompetista – entre Dave Douglas, Kenny Wheeler ou Freddie Hubbard - e que se aliam a um desejo de modernidade que justificam aqui e ali algum excesso de rock; tornado óbvio na marcação da bateria e na guitarra de André Fernandes e que mancham temas como “Devil’s Dress” que dá o nome ao disco, mesmo se a sua estrutura é muito interessante e as referências que acumula vão bastante mais além.
André Fernandes penitencia-se na belíssima prestação em guitarra acústica e eléctrica do tema contribuição de Cabaud, “En Febrero”, e todos estão especialmente bem no melhor do disco: “Wishful Thoughts”. Gostaria apenas de uma bateria mais subtil em Marcos Cavaleiro e mais convicção em Zé Pedro Coelho.
Temas bem construídos, dirigidos para Esta formação, a revelá-la também como autora (mesmo se eu não me importasse nada de a ouvir tocar standards).
Uma auspiciosa estreia para Susana Santos Silva.

 

Susana Santos Silva (t, flis)
José Pedro Coelho (st)
André Fernandes (g)
Demian Cabaud (ctb)
Marcos Cavaleiro (bat)

(Este texto foi publicado em Jazz 6/4 #13)