Will Holshouser Trio
Palace Ghosts and Drunken Hymns
CD Clean Feed 2009

Will Holshouser (aco)
David Phillips (b)
Ron Horton (t)
+
Bernardo Sassetti (p)

Melodioso e pouco dinâmico, o acordeão é um instrumento difícil de integrar no Jazz, se bem que existem alguns raros casos de êxito. Instrumento típico de algumas músicas folk, o acordeão tem sido recuperado em contextos world music ou jazz de inspiração folkclórica (ou se preferirem etnográfica). O acordeonista Will Holshouser não é um virtuoso como Richard Galliano, para dar um exemplo de proximidade ao Jazz, mas creio que nem ele pretende sê-lo. O seu universo é outro, movendo-se, até talvez pela formação com Anthony Braxton, numa área que pretende combinar vários mundos entre o Jazz e a música erudita e - inevitavelmente - ronda a folk (as músicas folclóricas do mundo). A relativa debilidade do instrumento nesta área difícil tê-lo-á levado à procura de uma sonoridade própria alhures - um «timbre» próprio - que encontrou com alguma felicidade na combinação acordeão – trompete – contrabaixo, o seu trio de eleição. Neste disco recém-editado pela Clean Feed, além de Ron Horton e David Phillips – é deles que se trata –, Holshouser contou ainda com o piano de Bernardo Sassetti que lhe ofereceu alguma complexidade harmónica que faltava ao trio.
O projecto é muito interessante, se bem que nem sempre conseguido. O disco começa com um tema de Carlos Paredes, inclui dois temas de Sassetti, pertencendo os restantes cinco a Holshouser. Muitas ideias interessantes não fazem porém um bom disco: uma segunda audição revela fragilidades que me parecem surgir de arranjos apressados que alternam entre a monotonia e uma forma de experimentalismo pouco consistente (haverá experimentalismo consistente?). A Dança Palaciana de Paredes é um bom exemplo, com a entrada do trompete crespo de Horton a completar o último terço do tema de forma destrambelhada. East River Breeze, The Oldest Boat e Department Of Peace perdem-se entre a monotonia e a vulgaridade, enquanto Dance Of Dead (que recupera a opção folclórica) é salvo pelo piano de Sassetti. Bernardo Sassetti que é responsável pelos temas mais consistentes do disco; de estrutura mais simples Narayama, mais complexa Irreverente; ambos sólidos e inspirados.