Henry Grimes é uma lenda. Tendo começado por interessar-se pelo bebop na juventude, participou, ainda nos anos 50, em alguns discos históricos, tocando literalmente com toda a gente, entre Sonny Rollins, Lee Konitz e Benny Goodman. A lista é extensa e impressionante, e vale a pena ser referida:
Konitz, Pepper Adams, Gerry Mulligan, Bill Evans, Paul Motian, Chet Baker, Annie Ross, Thelonious Monk, Kenny Barron, Lennie Tristano, Rollins, Benny Goodman e, já nos anos 60, Charlie Mingus, Roy Haynes, Roland Kirk, Tommy Flanagan e McCoy Tyner, entre inúmeros outros.
No meio dos anos 60 o contrabaixista interessa-se pelo free, começando muito rapidamentea tocar com Cecil Taylor, Steve Lacy, Archie Shepp, Don Cherry, Pharoah Sanders e outros e finalmente Albert Ayler, de quem se tornou o contrabaixista principal.

Newman Taylor Baker, Henry Grimes, Andrew Lamb

É então que, em 1966, logo após gravar o histórico Live At The Greenwich Village de Albert Ayler, e antes imediatamente da fase Rhythm & Blues «religiosa» de Ayler (New Grass...), Grimes desaparece.
E por longos quase quarenta anos o seu paradeiro permanece desconhecido até resurgir, já em 2002! As razões do desaparecimento são vagas, e ele foi dado como morto, até mesmo pelos amigos! Descoberto por um velho admirador, Grimes vivia mal e tinha um trabalho precário. Quando soube que a lenda estava viva, William Parker ofereceu-lhe um contrabaixo e Grimes recomeçou a tocar!

Não são raras as histórias de músicos de Jazz que se isolam por longos períodos para retornar anos mais tarde. Isso aconteceu com o próprio Sonny Rollins ou Charles Lloyd, embora por períodos bastante mais curtos. Provavelmente porque o Jazz é uma música muito emotiva e exigente, a dedicação à arte é bastante violenta e esgotante. Jazz é também sinónimo de vida!
A partir de então, ele tem tocado e gravado com David Murray, Marc Ribot, Rashied Ali ou a banda que vem tocar a Portugal , Andrew Lamb e Newman Taylor Baker, entre inúmeros outros. Dizem que não lhe perdeu o jeito.
Vai tocar em Portugal no Festival de Ponta Delgada, mas também, na próxima semana na Moita, no Zé dos Bois em Lisboa e no Jazz ao Centro.

22 de Outubro de 2007