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Jan Garbarek

 

11 de Outubro 2016, CCB

 

Jan Garbarek sempre viveu perigosamente no fio da navalha, num Jazz popular, diria smooth ou mesmo meloso, mesclado de sonoridades coloridas, de referências etno, com frequência fantasiadas, fundindo géneros e ambientes. Nesse folclore imaginário ele aproximou-se da folk nórdica, inflectiu para o Brasil ou África ou fundiu o seu saxofone com a música sacra. E nessa irreverência e desrespeito pelos cânones, Jan Garbarek construiu uma personalidade única no panorama Jazz – o que lhe valeu acusações de oportunismo -, que se transformou imagem de marca da editora ECM, também ela farta em produtos atípicos. E se o seu caminho lhe valeu acusações de oportunismo comercial, a verdade é que algumas das soluções encontradas possuem algo de genial.
O concerto do CCB foi por tudo isto acrescidamente lamentável. À frente de um quarteto de virtuosos, o som do saxofone de Jan Garbarek surgiu despido de qualquer subtileza, deploravelmente próximo de um Kenny G, sem ideias, sem emoção, sem Jazz, revelando o fátuo da sua irreverência.
Sem ideias, o concerto prolongou-se, com solos intermináveis e a despropósito, transformando virtuosismo instrumental em exibicionismo sem sentido. Não consegui deixar de recordar outro dos piores concertos da minha vida, no Porto, há uns dez anos talvez, de Chick Corea, de promoção à igreja da cientologia.
Penoso.

 

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