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Festa do Jazz - São Luiz

 

A Festa do Jazz 2006

4.ª Festa do Jazz – S. Luiz, 31 de Março – 2 de Abril
Anunciei há algumas semanas atrás a 4.ª Festa do Jazz como uma promessa do que poderia e deveria vir a ser o Festival de Jazz que a cidade de Lisboa merecia. É hora do balanço. Em primeiro lugar
a música.
Como é hábito, o festival tem dois pratos fortes: os miúdos e os crescidos; quer dizer, a mostra das escolas, que ocupa as tardes de sábado e domingo do lindíssimo Salão de Inverno do S. Luiz, e os concertos da Sala Principal, uma das mais nobres da cidade de Lisboa, clássica, belíssima, de excelente acústica, renovada.
Este ano os concertos começaram na sexta-feira na Sala Principal, e espalharam-se ao longo dos três dias pelos outros três espaços: o Café, o Teatro-Estúdio Mário Viegas e o Salão de Inverno; cada um deles com uma “missão” e uma “personalidade” distinta.
O Café,
espaço ingrato, cujo “palco” se limita a um recanto, reserva-se para concertos intimistas, duos ou trios, com o ruído dos pratos, talheres e conversas como fundo. Os concertos repetem-se por três vezes no sábado e domingo. Assisti de passagem a alguns dos temas, mas das duas vezes os elementos perturbadores sobrepunham-se e apenas a Paula – Bill Evans – Sousa logrou obter um pouco da minha atenção: dois músicos (Paula Sousa + Demian Cabaud) interessantes num duo a carecer de rodagem.
O Teatro-Estúdio
com uma lotação de pouco mais de cem acanhados assistentes destina-se a projectos mais experimentais ou às workshops. Gostei especialmente do “Bloco de Notas” de Mário Santos a exigir rapidamente a tese e do Wishful Thinking de Alípio Neto; ambos a merecer mais visibilidade.
O combo de Mário Santos, muito coeso, pratica uma música bastante elaborada que perde muitas vezes pela curta duração dos temas, assumidamente ensaios, mas que sugerem no autor capacidades de escrita invulgares. Um músico a seguir com atenção, com disse, a merecer a visibilidade da sala nobre do S. Luiz.
O Wishful Thinking de Alípio C. Neto, saxofonista brasileiro radicado em Portugal, toca uma música sólida e criativa, com raízes próximas no período de transição entre o hardbop e a new thing dos anos 60 (onde navegavam os Mingus e os Dolphys). Ele pode ter muito a ensinar aos músicos portugueses; tanto aos que pensam que o Jazz acabou no bebop como os que crêem que para tocar Jazz é só preciso boa vontade e um instrumento: Alípio C. Neto demonstrou conhecimento profundo da tradição, uma técnica a toda a prova e dotes de improvisação e levou para o S. Luiz temas elaborados, bem distantes da “livre improvisação”. Uma nota de apreço especial para o trompete de Johannes Krieger.
Falhei o concerto do João Paulo, que o Carlos Martins anunciou como o melhor concerto do festival. Não me custa nada a acreditar: João Paulo é um músico inspirado com um universo muito próprio e um dos melhores músicos nacionais. Azar o meu.
Pelo palco da Sala Principal
passaram oito grupos mais mainstream ou já consagrados na cena nacional, com destaque para Bernardo Sassetti, TGB, Joana Rios, Paula Oliveira e Laurent Filipe. Alguns dos concertos sugeriram-me algumas reflexões e alguns outros foram objecto da minha atenção em textos recentes:
Bernardo Sassetti encheu ele por si só a sala na sexta-feira. Muito do público saiu no fim do concerto sem assistir ao “número” seguinte. E no entanto a (aplaudidíssima) proposta do pianista levanta-me algumas reticências, que remontam aliás ao seu anterior disco: é que o desmesurado melodismo da sua música tende a esgotar-se em si mesmo (e a esgotá-la). Desprovida (eventualmente deliberadamente) de artifícios harmónicos e rítmicos (e “improvisacionais”) do estilo de um Brad Mehldau ou da densidade harmónica de Evans, Sassetti retirou à sua música subtileza criando-se vícios e armadilhas onde recorrentemente cai. Creio que o pianista terá tomado consciência do problema procurando introduzir outros elementos capazes de a enriquecer. Mas o “Ascent Trio 2”, onde o piano é o centro de dois trios – de Jazz: contrabaixo e bateria, e clássico: violoncelo e vibrafone -, apenas acentua a característica “romântica” da sua música.
O meu entusiasmo pela música de Mário Delgado é conhecido. Este projecto colectivo do guitarrista com Alexandre Frazão e Sérgio Carolino (creio que ideia original de Frazão) tem também o meu aplauso por diversos motivos. Em primeiro lugar a originalidade. O repertório dos TGB é tudo menos clássico. Entre Monk e Bud Powell a Jimi Hendrix, Jorge Palma e Led Zeppelin, tudo é possível. Depois, os arranjos e a interpretação não podiam deixar de ser mais originais. Ao frenesi criativo acresce enfim um virtuosismo. E se Frazão brilha e Delgado arrebata, Sérgio Carolino é impressionante na velocidade como insufla ar na tuba. Enfim, os TGB possuem uma outra virtude, menos musical talvez mas não menos importante que reside na arte de comunicar: os fumos (mais comuns em espectáculos de rock), o vestuário, a utilização de multimédia (diapositivos, filmes…) e o próprio exibicionismo da virtuose instrumental contribuem para comunicar e arrebatar (com) o público. Mas quando a música é boa, a valorização é uma virtude e não uma substituição.
O Sexteto de Mário Franco acabou por fazer o melhor concerto da Festa, em parte por mérito próprio, em parte por mérito de David Binney. É que a presença de Binney elevou de tal forma o nível da apresentação que tornou injusta qualquer comparação. Binney é um músico completo e noutros contextos tem trazido a Portugal os seus projectos próprios. Aqui, com Mário Franco como leader, o saxofonista sentiu-se solto para improvisar sem barreiras, demonstrando toda a sua classe, grande entre os grandes. O grupo todo esteve exemplar, num concerto servido por boas composições e bons músicos; mas de facto a presença de Binney acabou por de certa forma (injustamente) ofuscar as suas prestações. Notou-se ainda assim a vontade de trilhar novos caminhos e uma “máquina” coesa e eficiente.
Bom concerto fizeram também Laurent Filipe e a Estardalhaço Brass Band, que na sua diferença arrebataram de igual forma os aplausos do público. “A Luz” é uma evolução no percurso do trompetista; um veterano da cena nacional há muito consagrado, que apresentou composições originais ricamente ornadas, tocadas por um grupo coeso e experiente.
A Estardalhaço Brass Band surgiu da Estardalhaço da Geringonça que procurava um regresso às origens – no estilo dixieland – e que há alguns anos chegou a gravar um disco. O projecto evoluiu alargando os horizontes e introduzindo no repertório temas funky ou recriações de temas populares, mantendo o mesmo espírito de música de rua. Com uma formação de sete sopros e bateria, o som da Estardalhaço roça por vezes o universo de Lester Bowie, mas falta-lhe a loucura e a criatividade sem limites do trompetista. É pena.
Bastante do interesse da Festa reside no desfilar das escolas nas tardes de sábado e domingo, pelo
magnífico Jardim de Inverno.
Dez escolas a concurso e mais de cinquenta “miúdos” entre iniciados e já entrados no meio profissional. O Júri, constituído por Manuel Jorge Veloso, Rui Neves e José Nogueira votou, muito acertadamente, o combo da ESMAE – Porto como o melhor grupo a concurso. Outros prémios consagraram João Pedro Brandão e Ivan Silvestre, ambos saxofonistas do combo da ESMAE, como os melhores instrumentistas e atribuíram ainda prémios de reconhecimento para a Escola de Jazz do Hot Club de Portugal e a Escola de Jazz do Barreiro e ainda para a voz de Vânia Fernandes do Conservatório das Artes do Funchal, Marcos Cavaleiro, o baterista do grupo da ESMAE e para Zé Maria, o tenor da Escola do Hot. Nenhum reparo, mas eu gostaria de assinalar ainda o meu agrado pelas prestações da Escola JBJazz, o equilíbrio da Escola de Jazz de Torres Vedras, a fluência dos dois sopros de Torres Vedras, Emanuel Garcia e Ricardo Branco, a mestria de Alexandre Dahmen, o pianista do combo da ESMAE, a energia na flauta de Pedro Corga de Aveiro e do trompetista André Gomes da ETIC e ainda a vontade de brilhar da totalidade dos jovens alunos. Mas apenas alguns poderiam levar prémios para casa sob pena de desvirtuar o espírito do concurso…
Já agora, e sobre o prémio especial atribuído à Escola de Jazz do Barreiro, que apresentou um repertório menos comum com arranjos originais sobre Jimi Hendrix, Mike Stern, Henry Texier ou Jim McNeely, é de referir que esta é uma excepção. A quase totalidade dos temas apresentados pelas escolas eram standards o que, se poderá encontrar alguma justificação na necessidade de transmitir o conhecimento sobre a linguagem específica do Jazz e a tradição, pode contribuir (contribui amiúde) para a “formatação” dos espíritos dos jovens músicos e impedi-los de encontrar os novos mundos que desde sempre forneceram ao Jazz o alimento e são a garantia da sua perpetuação enquanto género. Creio que o avisado prémio do excelso Júri considerou exactamente esta preocupação, que é bastante contra-a-corrente da generalidade das preocupações dos directores das escolas de Jazz nacionais, mais absorvidos em fornecer aos jovens estudantes técnica e tradição; a necessária técnica e a fundamental tradição. Mas fica-se a pensar por vezes se basta. É necessário fornecer aos músicos a técnica que lhes permita tocar qualquer coisa e creio que não deverá haver já hoje dúvidas sobre o papel fundamental que as escolas de Jazz têm tido na formação da nova geração de músicos. Onde há bons músicos, quase de certeza que passaram por uma escola de Jazz. Ignorar este facto como o fazem muitos que rejeitam o ensino das escolas porque o consideram tradicionalista, é um erro grave que infelizmente é por demais recorrente. O fornecer aos jovens alunos o conhecimento da tradição faz parte deste processo e não pode ser contornado. O problema é que não basta: é preciso abrir os horizontes aos jovens alunos para que a criatividade passe a ser pele e carne da forma de ser músico de Jazz. É desta forma que interpreto este voto do Júri. A apresentação do Quinteto da Escola do Hot Clube (que arrebatou o prémio da Festa do ano passado) e os Baby Jam Septet de José Eduardo que antecederam as Jam Sessions à meia noite de sexta e sábado no Jardim de Inverno, parecem confirmar a minha ideia, mesmo apesar da irreverência dos Baby Jam e da verve daquele extraordinário jovem que dá pelo nome de Moisés Fernandes. Eles demonstraram um nível técnico absolutamente impensável há apenas dez anos atrás, mas quase não saíram do mainstream.
Disse que pela dimensão, pela ambição e pela personalidade, a Festa do Jazz é a antecipação do que virá a ser o verdadeiro
Festival de Jazz de Lisboa.
O que é que falta então?
Muito pouco: falta-lhe fundamentalmente a componente internacional que ele apenas balbucia; afinal os músicos estrangeiros são “visitas regulares da casa”. É verdade que a concorrência das grandes salas da capital e dos festivais em seu redor (e toda a inflação de concertos de todo o género) reduz a margem de manobra para a criação de um festival internacional, mas ele torna-se necessário. É necessário comprometer as instituições, a começar pela Câmara, mas também, porque não, o CCB e a Culturgest ou outras que estejam interessados em participar num acontecimento que envolva vários espaços na cidade e que não esteja apenas ao sabor da oportunidade deste ou aquele empresário. Lisboa teve no passado duas excelentes experiências – falo da qualidade dos músicos – que infelizmente não passaram de episódios. É preciso perceber o que falhou e aprender. Desde há muito que tudo o que ela tem são concertos mais ou menos regulares - com frequência lotados – espalhados pelas suas diversas salas mais ou menos nobres e um festival anual equívoco e inútil ideologicamente marcado pelo que alguém chamou de sonambulismo esclarecido. O festival que a cidade precisa deverá ser um festival ecléctico quanto baste que seja capaz de a ele levar ao mesmo tempo, para o palco, a modernidade e a tradição, a irreverência e o consagrado, e para a plateia os jovens e os tradicionalistas, os “eruditos” e o grande público. Quer dizer, a qualidade e o espectáculo, todo o Jazz, sem preconceitos nem dogmas. Creio que é o tempo e a oportunidade para que Lisboa venha a ter um Festival de Jazz. A Festa do Jazz pode e em meu entender deve ser a mãe e o pai desse Festival.
A componente internacional pode por outro lado fornecer ao festival uma outra mais valia que por agora é ainda incipiente: a organização de workshops mais completas, à semelhança do que faz por exemplo Guimarães (uma semana, mais de 50 jovens!).
Falta enfim uma política de encomendas nacionais e internacionais que ofereçam a possibilidade a músicos nacionais e estrangeiros de comporem obras de maior fôlego libertos de condicionalismos editoriais.
Falta também a organização de exposições fotográficas, pintura ou outras, o alargamento da feira do disco, a organização de sessões multimédia, conferências e debate onde o Jazz seja o tema e enfim o estabelecimento de acordos com entidades e empresas, hoteleiras, de publicidade, órgãos de informação, centros comerciais ou outros, que façam que por uma semana Lisboa ouça Jazz em todo o lado.
Falta enfim o estabelecimento de um prémio que consagre as melhores obras e os melhores músicos do ano votados por um Júri independente.
Este é o meu megalómano sonho de um festival para Lisboa, que eu creio hoje ser possível a partir do que a Festa do Jazz já construiu.
A 4ª Festa do Jazz do S. Luiz acabou. Estão de parabéns o Carlos Martins, o Luís Hilário, o Jorge Salavisa, toda a equipa que tornou possível este festival, o público que a ele ocorreu e o Jazz. Os meus desejos são que cresça.

Sex 31-Mar
Lisboa
Teatro S.Luiz (Sala Principal)
 21.30

Bernardo Sassetti”Ascent” Trio2(5teto) - Ajda Zupancic (vcelo) Jean François Lezé (vib) BS (p), Carlos Barretto (ctb), Alexandre Frazão (bat) +

Ensemble Festa do Jazz (7teto) - João Moreira (t), Carlos Martins (st), Perico Sambeat (sa), Nuno Ferreira (g), Jesse Chandler (p), Paco Charlín (ctb), Bruno Pedroso(bat)

Lisboa
Teatro S.Luiz (Jardim Inverno)
 24.00

Quinteto da Escola do Hot Clube - Moisés Fernandes (t), Daniel Vieira (sa), Júlio Resende (p), Filipe Rocha (ctb), João Rijo (bat) +

Jam-Session

Data
Cidade
Local
Hora
Músicos
Sáb 1-Abr
Lisboa
Teatro S.Luiz (Jardim Inverno)

14.00/ 19.00

Escolas de Jazz: Escola Moderna de Jazz do Seixal; ETIC; Escola de Jazz de Torres Vedras; Conservatório Escola das Artes-Funchal; ESMAE-Porto;
Teatro S.Luiz (Café)
 14.00/ 21.00
Paula Sousa + Demian Cabaud - PS (p), DC (ctb)
Teatro S.Luiz (T.E. Mário Viegas )
 15.00
Masterclass com Bernardo Sassetti
Teatro S.Luiz (TEMV)
 17.00
Quarteto de João Falcato - Matt Lester (st, f), JF (p), Yuri Daniel (ctb), Paulo Rosa (bat) + Magda Mendes (voc)
Teatro S.Luiz (TEMV)
 18.00
Wishful Thinking (5teto) - Alípio C. Neto (st), Johannes Krieger (t), Alex Maguire (p), Ricardo Freitas (be), Rui Gonçalves (bat)
Teatro S.Luiz (Sala Principal)
 19.00
 Joana Rios (6teto) - JR (voc), Bruno Santos (g), Nelson Cascais (ctb), André Sousa Machado (bat), Pedro Moreira (st), Claus Nymark (tb)
Teatro S. Luiz (TEMV)
20.00
Mário Santos “Bloco de Notas”(5teto) - MS (st, sa), José Pedro Coelho (st, ss), Rui Teixeira (sb, sa), António Augusto Aguiar (ctb), Michael Lauren (bat)
Teatro S.Luiz (SP)
 21.30

T G B - Sérgio Carolino (tub), Mário Delgado (g), Alexandre Frazão (bat)+

Sexteto de Mário Franco c/ David Binney - DB (sa, sampler), André Fernandes (g), Jesse Chandler (p, o), João Gomes (sint, tec), Mário Franco (ctb, be), João Lencastre (bat, perc)

Teatro S.Luiz (JI)
 24.00

BabyJazz Septet - Liza Pflaum (tb), Olympia Jensen (st), Wenzl McGowen (st), Attila Muehl (g), Giotto Roussies (p), Charly Roussel (ctb), Eddie Jensen (bat) +

Jam-Session

Dom 2-Abr
Lisboa
Teatro S.Luiz (Jardim de Inverno)
 14.00
Escolas de Jazz: JB Jazz Lisboa; Escola de Jazz do Barreiro; Escola de Música da C.M. -Nazaré; RIFF Escola de Musica de Aveiro; Escola de Jazz Luiz Villas Boas(HCP);
Teatro S.Luiz (Café)
14.00/ 21.00
Diogo Vida + Rodrigo Monteiro - DV (p), RM (ctb)
Teatro S.Luiz (T.E. Mário Viegas )
15.00
Masterclass com David Binney
Teatro S.Luiz (TEMV)
17.00
LA Jumping P (4teto) - Lars Arens (tb), Zé Maria (st), Bernardo Moreira (ctb), Bruno Pedroso (bat)
Teatro S.Luiz (TEMV)
18.00
André Matos(4teto) - AM (g), Albert Sanz (p), Demian Cabaud (ctb),
André Sousa Machado (bat)
Teatro S.Luiz (Sala Principal)
19.00
Paula Oliveira/ B. Moreira (5teto) - PO (voc), Leo Tardin (p), Bernardo Moreira (ctb), Bruno Pedroso (bat) João Moreira (t)
Teatro S.Luiz (TEMV)
20.00
João Paulo (piano solo)
Teatro S.Luiz (SP)
21.30

Laurent Filipe“A Luz”(5teto) - LF (t), Mário Delgado (g) Rodrigo Gonçalves (p) Nelson Cascais (ctb), Paulo Bandeira (bat) +

Estardalhaço Brass Band (8teto) - Mário Marques (sa,ss), André Murraças (st), António Morais (t), João Moreira (t), Ruben Santos (tb), Luís Cunha (tb), Sérgio Carolino (sousa), Luis Cascão (bat)

Teatro S.Luiz (JI)
24.00

SPJ de Pontevedra c/ João Guimarães (5teto) - Nacho Pérez (g), Xan Campos (p) José Ferro (ctb), Max Gómez (bat), JG(sa) +

Jam-Session