Home

 

 

 

 

Guimarães Jazz 2023

 

 


Antecipação

Guimarães Jazz
O Guimarães Jazz 2023 está prestes a começar. Com uma programação que é caracterizada, como foi escrito pelo seu director, Ivo Martins, «pelo equilíbrio entre a tradição e a inovação e pelo ecletismo estilístico, geográfico e geracional das propostas e dos músicos que nelas participam», o festival consolida uma ideia que não se fica apenas pela simples apresentação de nomes; e gostaria de relevar na programação deste ano algumas das coisas que fazem do Guimarães Jazz um festival diferente, e que o tornam o mais importante festival de Jazz nacional, que não apenas pela dimensão.

Mesmo se passará algo despercebido do público, uma das grandes ideias do Guimarães Jazz foi a de trazer músicos-professores de outras áreas geográficas, oferecendo a jovens músicos a oportunidade única de experimentar novas possibilidades: uma boa parte da aprendizagem do Jazz é feita no palco, no confronto de ideias; e a fortuna de aprender e tocar com Jacob Sacks, como acontecerá este ano (com a banda Landline Plus One), perdurará na memória e nos dedos dos alunos da ESMAE.
Projeto Orquestra de Jazz da ESMAE / Guimarães Jazz, 12 Novembro, 17.00

Outra das ideias interessantes do Guimarães Jazz é a colaboração com a Porta-Jazz, a grande instituição do Jazz do Porto, no desafio tipo carta aberta que é lançado a um músico, e que lhe permite cruzar diferentes disciplinas artísticas. Com resultados diferentes, dado até o carácter experimental do projecto, esta não deixa de ser uma fórmula a continuar. Este ano o desafio foi lançado ao saxofonista José Soares, um nome incontornável do novo Jazz português.
Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz • Soma, 12 Novembro, 21.30

Juntar música clássica e Jazz é semelhante a juntar azeite e água; mas é o que o Guimarães se propôs fazer desde há cinco anos, convidando um músico de Jazz para compor e orquestrar para a Orquestra de Guimarães, juntando ambas as formações para o mesmo palco. É um equilíbrio instável, este, e desigual, mas que se tem revelado generoso. A Orquestra de Guimarães é uma orquestra clássica e não tem, por isso, improvisadores, e o Jazz não vive sem improvisação. Aliás uma das definições possíveis de Jazz é mesmo «música composta improvisada», e é assim desde os seus primórdios: diferentes músicos ofereceram-lhe mais ou menos composição e mais ou menos improvisação.
O que foi pedido ao baterista e compositor Mário Costa é que trabalhasse o seu Chromosome (com a sua banda internacional) para ser tocado com a orquestra, para o que ele se socorreu do experimentado Carlos Azevedo para os arranjos. É um enorme desafio para o quarteto de Mário Costa e a Orquestra de Guimarães a que vamos assistir.
Projeto Orquestra de Guimarães / Guimarães Jazz com Mário Costa, 16 Novembro, 21.30

No sentido de criar pontes entre formatos, disciplinas e mesmo instituições (como a ESMAE e a Orquestra de Guimarães), o Guimarães Jazz convidou este ano o Centro de Estudos de Jazz da Universidade de Aveiro, que envia ao festival o grupo do galego Pedro Molina, que venceu o concurso de jazz promovido por esta instituição. Molina estudou em Barcelona, com o contrabaixista Jordi Gaspar, e no Porto, onde concluiu a sua formação em contrabaixo jazz na ESMAE. 
Projeto Centro de Estudos de Jazz - Univ. Aveiro / Guimarães Jazz • Pedro Molina Quartet, 11 Novembro, 15.00

Menos interessante a meu ver se tem revelado, em todas as os concertos a que assisti, a colaboração com a Sonoscopia; não apenas porque não são músicos de Jazz, mas também porque as propostas se têm revelado, no mínimo, desinteressantes. Mas mais interessante será eventualmente o concerto solo de Elliott Sharp, um nome de referência como guitarrista, multi-instrumentista e performer norte-americano. 
Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz • Elliott Sharp, 18 Novembro, 15.00

Nem todas as experiências se revelam sempre profícuas, e eu dispensaria umas e apoiaria outras e, por outro lado, eu creio que uma boa parte do público apreciaria mais a fórmula mais comum nos festivais de uma programação que lhes trouxesse os grandes nomes do Jazz; até porque, infelizmente, poucas oportunidades temos de os ver. Mas eles também constam da programação do Guimarães Jazz de 2023, ecléctica e abrangente.  

O festival abre com a Vanguard Jazz Orchestra, herdeira da histórica orquestra de That Jones, no ano que se celebram 100 anos do nascimento do trompetista, compositor e bandleader. E mesmo se este é um nome repente em Guimarães, a evocação da efeméride faz todo o sentido. O melhor da tradição do Jazz a abrir o Guimarães Jazz 2023, já na próxima quinta-feira 9.
Vanguard Jazz Orchestra • Thad Jones 100, 9 Novembro, 21.30

Pianista que vai beber na tradição Jazz, muito enciclopédico, Aaron Parks cultivou durante anos uma sonoridade eléctrica, que era bastante definida pela presença de um guitarrista no seu quarteto. O facto de trazer a Guimarães um saxofonista, emprestará à sua banda uma sonoridade acústica, constituindo um regresso às origens que se advinha saboroso, até pelo nome do saxofonista: Ben Solomon.
Aaron Parks Quartet, 10 Novembro, 21.30

A associação de Maya Homburger, Agustí Fernández e Barry Guy será muito provavelmente um dos concertos mais fora do Jazz da programação deste ano, atendendo ao percurso anterior dos três músicos, sendo previsível um concerto algo mais próximo da área da «improvisação livre».
Maya Homburger, Agustí Fernández, Barry Guy Trio, 11 Novembro, 18.00

Contrabaixista emérito, a residir actualmente em Portugal, Michel Formanek tem um passado notável também como líder e compositor. Personalidade inquieta, ele tem sabido percorrer o caminho de modernidade, numa estrada que se vai construindo, e que não é livre de escolhos, bem pelo contrário. O que o torna diferente é a seriedade das propostas, nunca gratuitas, que começa na escolha dos músicos com que conta e se completa nas composições artificiosas, doseando escrita e improvisação. Música irredutivelmente moderna, nunca acomodada, é a música de Michael Formanek. Respondendo ao convite do Guimarães Jazz, o contrabaixista irá apresentar um novo projecto, que se arrisca ser uma ambiciosa extensão do trio Thumbscrew. A acompanhá-lo estarão improvisadores de gabarito como John O’Gallagher, Mary Halvorson, Tomas Fujiwara, o jovem português João Almeida, Alexander Hawkins e Chet Doxas.
Michael Formanek Septet “New Digs”, 11 de Novembro, 21,30

A tradição regressa com o quarteto do contrabaixista Buster Williams. Com um percurso longo como sideman («o sideman perfeito», como lhe chamaram), com mais de uma centena de colaborações ao lado de músicos como Herbie Hancock, Geri Allen, Dexter Gordon, Chet Baker, Art Blakey, Benny Golson, Mary Lou Williams, you name it…, e mais uma vintena em seu nome, Buster Williams é, de facto, a personificação da história do Jazz. Contrabaixista discreto, seguro, é reconhecido pela sonoridade doce e um sentido rítmico perfeito. Na boca do palco estará o saxofonista Steve Wilson, um improvisador eloquente e generoso.  
Buster Williams & Something More, 17 Novembro, 21.30

O Landline Plus One merecia, a meu ver, o palco nobre do Vila Flor. Dirigido por um pianista de excepção, Jacob Sacks, este foi o grupo responsável pelas Oficinas de Jazz e jam sessions. O que faz de Sacks é, mais que o mero virtuosismo, a inteligência harmónica e a erudição. Relativamente discreto na cena internacional, ele é um pianista genial a que os amantes do Jazz não se deverão escusar. Com ele Estarão Zack Lober, Vinnie Sperrazza, Chet Doxas e a trompetista Suzan Veneman.
Landline Plus One, 18 Novembro, 18.00

Confesso que não conheço a música da dinamarquesa Kathrine Windfeld, para além do que me foi dado ouvir na internet, como uma herdeira moderna da suprema arte composicional e orquestral de Gil Evans, o que é, naturalmente, uma excelente referência. Expectativa, pois, para o concerto de encerramento do Guimarães Jazz 2023; ademais quando a orquestra tem como solistas convidados o guitarrista Gilad Hekselman e o saxofonista Immanuel Wilkins. E sobre o extraordinário Immanuel Wilkins, que ganhou em 2022 o prémio para o melhor disco do ano e este ano passou por Angra do Heroísmo e Seixal, eu dispenso-me de encómios inúteis.
Kathrine Windfeld Big Band c/ Gilad Hekselman e Immanuel Wilkins, 18 Novembro, 21.30

Até Guimarães, pois.

 

Programação:
Ivo Martins

Produção/ Organização:
Município de Guimarães, Oficina, Convívio

Guimarães Jazz 2023, 9 a 18 de Novembro de 2023

Qui 9
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Vanguard Jazz Orchestra «Thad Jones 100» Dick Oatts (dir, sa), Billy Drewes (sa), Rich Perry (st), Ralph Lalama (st), Gary Smulyan (sb), John Chudoba (t), Brian Pareschi (t), Terell Stafford (t), Scott Wendholt (t), Dion Tucker (trb), Jason Jackson (trb), Rob Edwards (trb), Douglas Purviance (trb), Adam Birnbaum (p), David Wong (ctb), John Riley (bat)
Convívio
23.59 jam session Landline Plus One
Sex 10
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Aaron Parks Quartet Aaron Parks (p), Ben Solomon (st), Kanoa Mendenhall (ctb), RJ Miller (bat)
Convívio
23.59 jam session Landline Plus One
Sáb 11
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
PA
15.00
Pedro Molina Quartet
(Projeto Centro de Estudos de Jazz - Univ. Aveiro / Guimarães Jazz)
Miguel Meirinhos (p), Filipe Dias (g), Gonçalo Ribeiro (bat), Pedro Molina (ctb, c)
Centro Cultural Vila Flor
PA
18.00
Maya Homburger, Agustí Fernández, Barry Guy Trio Maya Homburger (viola), Agustí Fernández (p), Barry Guy (ctb)
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Michael Formanek Septet
«New Digs»
Michael Formanek (ctb), Alexander Hawkins (or), Chet Doxas (st, cl), John O’Gallagher (sa), Mary Halvorson (g), Tomas Fujiwara (bat), Kasper Weye Tranberg (t)
Convívio
23.59 jam session Landline Plus One
Dom 12
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
GA
17.00
Projeto Orquestra de Jazz da ESMAE / Guimarães Jazz dirigido por Landline Plus One Landline Plus One: Jacob Sacks (p), Chet Doxas (s), Vinnie Sperrazza (bat), Zack Lober (ctb), Suzan Veneman (t)
+ Orquestra de Jazz da ESMAE
CIAJG / Black Box
21.30
Projeto Porta-Jazz / Guimarães Jazz [Soma] José Soares (sa, dir), José Diogo Martins (p), Omer Govreen (ctb), João Lopes Pereira (bat) + Várvara Tazelaar
Qui 16
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Projeto Orquestra de Guimarães / Guimarães Jazz com Mário Costa Mário Costa (comp, bat, elec), Cuong Vu (t), Jozef Dumoulin (p, elec), Bruno Chevillon (ctb) +
Orquestra de Guimarães, Carlos Azevedo (arranjos, dir)
CCVF Café Concerto
23.59 jam session Landline Plus One
Sex 17
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Buster Williams & Something More Buster Williams (ctb), Steve Wilson (s), Tommaso Perazzo (p), Marcello Cardillo (bat)
CCVF Café Concerto
23.59 jam session Landline Plus One
Sáb 18
Guimarães
Centro Cultural Vila Flor
PA
15.00
Projeto Sonoscopia / Guimarães Jazz Elliott Sharp Elliott Sharp (g-el)
Centro Cultural Vila Flor
PA
18.00
Landline Plus One Jacob Sacks (p), Chet Doxas (s), Vinnie Sperrazza (bat), Zack Lober (ctb), Suzan Veneman (t)
Centro Cultural Vila Flor
GA
21.30
Kathrine Windfeld Big Band featuring Gilad Hekselman e Immanuel Wilkins Immanuel Wilkins (s), Gilad Hekselman (g), Kathrine Windfeld (p, c), André Bak (t), Rolf Thofte Løkke (t), Magnus Oseth (t), Göran Abelli (trb), Tobias Stavngaard (trb), Anders Larson (trb), Jakob Lundbak (s), Magnus Thuelund (s), Roald Elm Larsen (s), Ida Wretling (s), Aske Drasbæk (s), Johannes Vaht (ctb), Henrik Holst Hansen (bat)
CCVF Café Concerto
23.59 jam session Landline Plus One