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Donny McCaslin
Declaration

CD Sunnyside 2009

Donny McCaslin (st, fa)
Ben Monder (g),
Scott Colley (bass),
Ed Simon (p, org)
Antonio Sanchez (bat)
Pernell Saturnino (per)
Alex “Sasha” Sipiagin (t, flis)
Tatum Greenblatt (t)
Chris Komer (tro)
Marshall Gilkes (trb)
Marcus Rojas (tu, /trbb)

Declaration é o mais audacioso trabalho de orquestração de sempre do saxofonista (para onze elementos) mas, apesar das diferenças óbvias com o disco anterior de McCaslin, Recommended Tools, em trio, o músculo do saxofonista está sempre presente. Apesar da intromissão do piano e da guitarra ou do som orquestral dos cinco sopros convocados que constroem um cenário que não existia, ele é quase sempre o solista privilegiado. O som mais orquestral do disco permite-lhe algum lirismo, tecido também pela guitarra de Ben Monder ou o piano feliz de Ed Simon; na melodia simples do tema que dá o nome ao disco, mais contemplativo, em Jeanina ou Late Night Gospel. Será verdade que há algo de Maria Schneider nas orquestrações de Declaration, como a um outro nível se poderá encontrar alguma da felicidade que perpassa pela música da maestrina. A diferença entre ambos é que enquanto para Maria Schneider o instrumento é a própria orquestra, para Donny McCaslin em Declaration o centro nevrálgico é o saxofone, de onde tudo parte.
Donny McCaslin é um saxofonista completo; um dos maiores da actualidade. Mas depois de Recommended Tools onde o que estava em evidência era ele próprio como saxofonista, Declaration revela-o enquanto compositor e arranjador (ou melhor, confirma-o, pois ele já o tinha revelado em discos anteriores).
Declaration é nesse sentido um disco simples na forma; não propriamente inovador, mas um disco forte e saboroso, feliz nessa forma, nessas formas. Cada novo tema parece sempre surgir óbvio, daquela forma como todos os discos de Jazz deveriam ser: feitos a partir de dentro. McCaslin atravessa um período particularmente feliz da sua vida pessoal, e isso nota-se!
Numa formação de luxo, estão em evidência os já citados Ben Monder e Ed Simon, mas também Scott Coley no contrabaixo e Antonio Sanchez na bateria. À frente da secção de metais, relegado para algum anonimato, está o incontornável Alex Sipiagin. A produção é uma outra vez de David Binney.


(Este texto foi originariamente publicado em Jazz 6/4 #1)