EST
301
CD
ACT 2012
Esbjorn Svensson (p, elec)
Dan Berglund (ctb, elec),
Magnus Ostrom (bat, elec)
O EST, o trio do malogrado Esbjorn Svensson, foi provavelmente o mais influente grupo de Jazz do milénio. Os EST tornaram-se um verdadeiro fenómeno de popularidade que combinava numa singular mistura o Jazz anguloso de Thelonious Monk, a música clássica de Bela Bartok e a premência rítmica da pop music. O próprio nome do grupo, que começou por ser Esbjorn Svensson Trio, típica designação Jazz que atribui a responsabilidade a um líder, breve evoluiu para EST, mais de acordo com a tradição pop anglo-saxónica. Mas a utilização de electrónica, de objectos, rádio ou tapes previamente gravadas, escandalizaram a comunidade Jazz mais conservadora que tinha aplaudido a estreia Monk dos EST.
Os anos seguintes confirmaram a ascensão para o estrelato do trio, com um maior protagonismo do baterista e do baixo, acentuando a vocação pop que fundia rap, funky, rock, drum 'n' bass, e toda a espécie de músicas folclóricas urbanas, com o Jazz e uma erudição clássica que continha em si tanto de rebeldia e transgressão como de genialidade; mesmo se nem sempre conseguiu escapar ao piroso e algum espectáculo gratuito.
Enfim, tudo se conjugou para fazer dos suecos EST o mais popular dos grupos de Jazz (?) da passagem do milénio. A fórmula deixou marcas profundas no Jazz contemporâneo (e o desaparecimento prematuro do pianista apenas o envolveu com a mesma aura dos James Dean e dos Jimi Hendrix…), até nos músicos mais insuspeitos.
Vem tudo isto a propósito de 301, o derradeiro disco de estúdio dos EST, editado cinco anos após o desaparecimento de Esbjorn Svensson.
301 (nome do estúdio de Sidney onde em 2007 os EST gravaram este disco) não acrescenta verdadeiramente nada de novo à discografia conhecida, salvo talvez alguma melancolia, rara nos EST. Nunca saberemos no entanto se essa nostalgia faria alguma vez parte do disco acabado, pois Esbjorn Svensson já não pôde acompanhar os trabalhos finais de mistura do disco. Num registo que por vezes se sente inacabado, há muito do piano acústico de Svensson em pungentes melodias, mas também sintetizadores e a batida mais rock que nunca de Ostrom. O primeiro tema é um solo de piano, belíssimo, e Svensson regressa ao piano acústico, mais à frente, em The Lefty Lane, numa exploração absolutamente clássica de trio de piano Jazz. Houston The 5th é pura electrónica e Three Falling Part II parece inspirado no mais negro dos Black Sabath. Enfim, The Childhood Dream é uma balada, feliz como são as canções infantis. Svensson trauteia! Puro EST!