Francesco
Cafiso
4 out
CD
abeat 2010
Francesco Cafiso (sa,
f, ss)
Dino Rubino (p)
Paolino Dalla Porta (ctb)
Stefano Bagnoli (bat)
Escrevi há não
muito tempo sobre Francesco Cafiso e eis que um novo disco me chega às
mãos. Gravado já este
ano com um trio de ilustres desconhecidos músicos italianos, o jovem
Cafiso não pára de nos surpreender. 4 Out é a confirmação
do que antes tinha observado, que Francesco Cafiso não é mais
um subproduto artificial da indústria, mas que ganha a cada dia o seu
espaço próprio no sobrelotado mundo dos saxofonistas. Ele é um
parkeriano óbvio, mas creio que ninguém ousará já dizer
que se trata de um clone. O que ele herdou de Bird é antes de mais um
entusiasmo esfusiante e uma linguagem clara e exuberante, mesmo se este será porventura
o mais contido dos seus discos. Classificar Francesco Cafiso de
mero bopper poderá ser menorizador (mesmo se eu penso que o bop persiste
a maior das escolas) e é claro que ele evoluiu muito rapidamente para
um saxofonismo moderno.
4 Out balança entre os clássicos e alguns temas escritos por
Cafiso onde o saxofonista parece procurar alguma atenção. Enigmatic
night é uma balada lenta, iniciada com uma flauta dir-se-ia cinematográfica
e um acompanhamento «exótico», completada no saxofone. Mais
despretensioso e interessante é King Arthur que arranca com um inflamado
solo do saxofone, e que se completa com um solo tayloriano do pianista
Dino Rubino, seguido de dois outros curtos solos da bateria e do contrabaixo.
O
contrabaixista introduz Bach’s Flower, uma melodia simples interpretada
por Cafiso no saxofone soprano, bastante radiofónica, mas que pouco
acrescenta ao disco. Outra coisa são os clássicos: o disco
começa com Everything I Love de Cole Porter, e outros standards são
How About You de Gershwin, I Hear a Rapsody tocadas em tempos médios
e um rapidíssimo Just In Time; todos eles em interpretações
inspiradas, a revelar também a eficácia da secção
rítmica.
Nem sempre feliz nos temas próprios, 4 Out confirma Cafiso como instrumentista,
mas adia um pouco mais a entrada no escalão seguinte dos saxofonistas
contemporâneos. Apesar das reticências, um disco que se ouve com
muito prazer.