Ogre
Electrodoméstico
CD JACC 2011

Maria João (voz)
João Farinha (f-r, sint)
André Nascimento (elec)
Júlio Resende (p)
Joel Silva (bat)

Maria João é uma grande cantora, porventura a mais importante cantora de Jazz portuguesa de sempre, mesmo se os caminhos que ao longo dos tempos trilhou pecaram com frequência por pouca ortodoxia. Disso não me queixo eu: desde sempre observei como muito do melhor do Jazz se constrói nas suas margens, da mesma forma como muito do melhor do Jazz se inspira nos folclores do mundo.
Electrodoméstico é o mais recente disco de Maria João e do seu Ogre, que são basicamente compostos por João Farinha em fender rhodes e electrónica e André Nascimento em electrónica, o seu trio «natural», acrescidos de Júlio Resende no piano e Joel Silva na bateria.
De entre as várias coisas que não aprecio na mais recente faceta de Maria João está a sua opção de imitar a voz de criança e a insistência em cantar em brasileiro. E se podemos achar normal que ela cante Djavan com sotaque, o que dizer quando ela escreve em brasileiro ("Ma é do Bom" ou "Reggae da Maria")? Da mesma forma, porque é que Maria João canta Joni Mitchell com aquela espécie de falsete infantil que se tornou quase regra?
Mas se a forma como Maria João canta pode ser questionável, a electrónica que tem vindo a ganhar relevância na sua música é de uma vulgaridade confrangedora. Quando não é mesmo completamente disparatada, como em "A Ilha" ou "Goodbye Pork Pie Hat".
Salvam-se as prestações de Júlio Resende e Joel Silva. Mas não chegam para salvar o disco.