Roberta Gambarini
So in Love

CD Groovin High/ Universal 2009

Roberta Gambarini (voz)
Chuck Berghofer (b)
Neil Swainson (b)
George Mraz (b)
Jake Hanna (bat)
Al Foster (bat)
Montez Coleman (bat)


Tamir Hendelman (p)
James Moody (st)
Roy Hargrove (t, flis)
Eric Gunnison (p)
Gerald Clayton (p)
Jeff Hamilton (bat)

 

 

 

 

Há qualquer coisa da clareza e da alegria de cantar de Ella Fitzgeral na voz da italiana Roberta Gambarini. Os que tiveram o privilégio de assistir ao concerto da cantora em Angra do Heroísmo em 2007, descobriram uma voz calorosa, versátil e madura, à vontade na interpretação dos standards, com intuição, técnica e talento, mesmo apesar do acidente que num cantor menos experiente teria feito descambar o concerto.
Depois de ganhar diversas competições em Itália, Gambarini mudou-se para os Estados Unidos onde rapidamente se tornou notada. Os discos editados, Easy to Love, em quinteto e quarteto, e You Are There, acompanhada apenas pelo piano de Hank Jones, consagraram-na em definitivo.
So In Love deste ano é um disco de estúdio, gravado com diferentes formações, entre o pungente apenas piano de Tamir Hendelman (que já tocava em Easy To Love) nos temas de abertura (So In Love) e fecho (Over The Rainbow) - como a prefiro -, ao clássico piano-baixo-bateria, ao trio acrescido do saxofone do caloroso James Moody em dois temas, o fluegel de Roy Hagrove num outro e sax e trompete num outro.
O alinhamento que entremeia velhos standards com os menos vulgares Crazy de Willie Nelson, Here, There and Everywhere dos Beatles, Estate (Martino/ Brighetti) e For Elena de Morricone, não deixou de me colocar um problema: afinal onde começa e acaba um cantor Jazz? - No repertório? na voz? ou na forma? A verdade é que muitos dos maneirismos dos cantores Jazz vêm sendo adoptados pela pop e o que não faltam aí são elegantíssimos exemplares de smooth Jazz cheios de técnica a interpretar standards; além de que Gambarini raramente utiliza um dos recursos diferenciadores dos cantores Jazz: o scat, e a introdução ocasional de um sopro não será suficiente para definir um disco de Jazz.
Enfim, creio que os «objectos estranhos» podem ser tomados como uma procura de refrescamento do universo dos clássicos do Jazz, e de qualquer forma todos eles são belíssimas interpretações dos originais, além de que ninguém pode levar a mal à belíssima italiana a introdução no repertório do popular Estate (que se bem me recordo foi o encore no Angra Jazz) ou a banda sonora do magnífico Cinema Paraíso do incontornável compositor de Fellini. So In Love é disco despretensioso que não deixará de agradar aos apreciadores do Jazz vocal, e muito para além.