Tim Berne
Snakeoil
CD
ECM 2012
Tim Berne (sa)
Oscar Noriega (cl, clb)
Matt Mitchell (p)
Ches Smith (bat, per)
Com um longo percurso na vanguarda do Jazz, ao longo de mais de trinta anos, Tim Berne é um dos seus mais consistentes representantes.
Berne surgiu na cena Jazz de New York no final dos anos 70, no crepúsculo do free-jazz. Desde muito cedo que os seus gostos musicais se revelavam bastante dispersos mas, como ele próprio revela, a música de Julius Hemphill mudou a sua orientação. Os seus discos revelam um improvisador notável e um compositor de vastos recursos.
Reconhecido como um dos mais influentes representantes da downtown nova-iorquina, Berne tem o seu saxofone e a sua escrita espalhada por umas largas dezenas de discos em seu nome, como co-autor ou sideman.
Na sua estreia na editora de Manfred Eicher, o saxofonista Tim Berne convocou um grupo de músicos inesperados, mesmo se tocou com todos eles e os conhece bem. O quarteto começa por surpreender pela ausência de baixo, o que lhe embute aspereza; mas também o baterista, Ches Smith, nunca se comporta como um mero marcador rítmico, e a sua atracção pela percussão nada tem de «étnico» ou colorido.
Enfim, sobre uma secção rítmica incomum (com o piano de Matt Mitchell a servir com frequência mais de contraponto que complemento da bateria), estão dois sopros: o saxofone alto de Berne e os clarinetes de Óscar Noriega, um músico com um percurso atípico, entre o Jazz, o free-jazz, a música erudita, a pop e até a música folclórica das Caraíbas.
Snakeoil impressiona pela consistência entre a escrita e a improvisação. Do ponto de vista da estrutura, os temas pouco possuem de convencional: eles foram concebidos como um todo recusando a fórmula tema-solo-tema. As composições incluem elementos de improvisação, que são atribuídos aos vários instrumentos de forma irregular, fazendo deslocar os elementos (visíveis) da estrutura de um para outro músico-instrumento, associando-os de forma pouco comum ou opondo-os. A improvisação entrosa a composição como raras vezes observámos, fazendo de temas como "Yeld", "Spare Parts" ou "Scanners" verdadeiros monumentos do Jazz contemporâneo.