Foto gentilmente cedida por CCB

 

 

 

 

João Lobo

(Blindfold Test e Entrevista em 22 Fevereiro 2008, em Portalegre, por Leonel Santos)

 

 

«A minha inspiração maior é o quinteto de Miles Davis»

O blindfold test e entrevista tinham sido acordados no dia anterior. Aconteceram no bar do Centro de Artes do Espectáculo de Portalegre, entre o ensaio do «freetet» de Scott Fields e o jantar que ainda teve de esperar algum tempo. Começámos pelo blindfold test e deixámos os comentários para o fim.

Roy Haynes Quartet.
Out of the Afternoon
Impulse, 1962
« Fly Me To The Moon»
Roland Kirk (st, f), Tommy Flannagan (p), Henry Grimes (ctb), RH (bat)
Isto é o Roy Haynes na bateria provavelmente, mas eu não conheço este grupo. Eu conheço o tema: o Frank Sinatra cantou isto.
(Depois de ver)
Ah, é o Roland Kirk. Eu conheço mal. Formação de luxo! Diferente! O Henry Grimes com o Tommy Flanagan e o Roland Kirk; pessoal que depois foi mais para o free… Não conheço este disco. Pois, é o Fly Me To The Moon.
O Roy Haynes foi um baterista importantíssimo e foi um inovador da bateria, sem dúvida. Foi um baterista onde o Tony Williams foi buscar imensas coisas… Mas tem um toque muito sensível. Foi o primeiro a fazer estas coisas, do que eu conheço, a ter um tempo mais straight. Em relação a bateristas como o Philly Joe ou o Jimmy Cobb que tinham um som mais gordo e mais «swingado», ele tinha um toque mais subtil. Isto é de 62?
Classificação? A um grupo destes eu só posso dar 5 estrelas.

Miles Davis
Nefertitti
Columbia, 1967
« Hand Jive»
Wayne Shorter (st), Herbie Hancock (p), Ron Carter (ctb), Tony Williams (bat), MD (t)

Isto é o Miles. Isto é o topo. É o quinteto com o Wayne Shorter, com o Herbie Hancock, o Tony Williams. Para mim eles são um dos mais clássicos. Adoro este grupo. Mr. Tony Williams é o maior. É um dos meus bateristas preferidos. Infelizmente eu nunca o ouvi ao vivo; mas eu tinha um professor em Haia que diz que a primeira vez que o ouviu, em CD, com 17 anos, ficou completamente atordoado. Não sabia de onde é que ele vinha… Ah, o disco é o Nefertitti…

Shelly Manne & Friends
Li’l Abner
Contemporary/ OJC, 1957
« Jubilation T. Cornpone», «If I Had My Druthers»
Andre Previn (p), Leroy Vinnegar (ctb), SM (bat)
É o Ahmad Jamal? Por vezes parece… Se fosse, o baterista podia ser o Vernell Fournier… Poderia ser o Max Roach também.
(Muda de tema)
Isto é um baterista dos anos 40-50… e que toca muito bem com escovas. Mas não o Ed Thigpen, que ele era um mestre das escovas. É mais recente.
(Depois de ver)
Ah, é o Shelly Manne! Pois, conheço mal. E quem é o pianista? Andre Previn? Não conheço. É americano ou francês? Por acaso tinha-me vindo à cabeça que seria um baterista branco. Mas não fui lá…

Charles Lloyd/ Billy Higgins
Which Way is East
ECM, 2004
« Civilization», Tagi»
CL (st, as, f, per...), BH (bat, g, per...)
Não estou a ver.
(Muda de faixa)
Ah, é o Charles Lloyd! E é o Billy Higgins! Eu até tenho este disco! Duas das faixas do disco de que mais gosto e aonde eu volto sempre são aquelas onde ele toca guitarra e canta. Ele é um músico incrível. O Billy Higgins; bem, foi o baterista do Ornette. Mas surpreende-me aquelas faixas que ele tem de guitarra. Descobri-lhe uma profundidade que lhe desconhecia. Muito espiritual.

Paul Motian.
And The Electric Bebop Band
JMT, 1993
« Shaw-Nuff»
Joshua Redman (st), Kurt Rosenwinkel (g), Brad Schoeppach (g), Stomu Takeishi (b-el)
Isto é o Paul Motian e a Electric Bebop Band. O Paul Motian é uma das minhas grandes inspirações. Está mesmo no top dos meus bateristas preferidos. Que disco é este? É com o Joshua Redman, não é?

Leon Parker
Belief
Columbia, 1996
« Village Song: Africa», «Close Your Eyes»
Adam Cruz (mar), Steve Wilson (sa), Ugonna Okegwo (b), LP (bat)
Não conheço. Poderia ser uma coisa do Max Roach. Nunca ouvi isto.
(Depois de ver)
Ah, Leon Parker. Conheço mal.

Art Blakey Quintet feat. Clifford Brown
A Night At Birdland
Dreyfus Jazz, 1954-2005
« Split Kick»
Lou Donaldson (as), Horace Silver (p), Curly Russell (b), CB (t), AB (bat)
Isto é o Art Blakey e os Jazz Messengers. E com o Horace Silver. E pode ser o Freddie Hubbard… Lee Morgan? Ah, isto é os Jazz Messengers antes de se tornarem os Jazz Messengers. E o Lou Donaldson! 5 estrelas!

Jack DeJohnette
Special Edition
ECM, 1980
« One For Eric»
David Murray (st, clb), Arthur Blythe (as), Peter Warren (b, vcelo), JDJ (bat, p)
Eu conheço isto bem. É o Jack DeJohnette. É o disco dele! Special Edition. 5 Estrelas. Isto é uma referência!

Daniel Humair
Edges
Label Bleu, 1991
« Bunauara», «Blank For Now»
Jerry Bergonzi (s), Aydin Esen (p), Miroslav Vitous (ctb), DH (bat)
Não sei o que seja.
(Muda de faixa.)
Este som de pratos, eu conheço. Jon Christensen? Tony Oxley? Tem de ser um europeu. Ah, espera, isto é o Daniel Humair! Este prato tão afinado! Não é fácil porque eu não o conheço bem. E acho que conheço este som de saxofone…às vezes faz-me lembrar o Garbarek dos princípios…
(Depois de ver)
O Jerry Bergonzi, pois, não ia lá. E no baixo? É o Vitous, pois. Não conheço este disco. É mesmo do Daniel Humair?

MOB Trio
Quite Live in Brooklin
Omnitone, 2005
« Peer Form IV», «CSXY’s»
Matt Wilson (bat), Ohad Talmor (st), Bob Bowen (b)
Este som de bateria é-me familiar.
É o Billy Hart? Não? Mas não estou a reconhecer o saxofonista. Isto é anos 70 ou mais recente.
(muda de faixa)
Desisto.
Matt Wilson? Afinal não conheço este disco nem este trio. O som soava-me familiar, mas estava errado.

William Parker Quartet
Raining On The Moon
Thirsty Ear, 2002
« Hunk Pappa Blues»
Hamid Drake (bat), Rob Brown (sa, f), Louis Barnes (t), WP (ctb)
Não sei o que é. O primeiro nome que me vem á cabeça por causa do som potente é o Jeff Tain Watts, mas ele já teria tocado mais três mil notas…
Desisto.
(depois de ver)
William Parker e Hamid Drake? Nunca iria lá.

Ben Allison
Medicine Wheel
Palmetto, 1998
« Spy»
Michael Blake (s), Ted Nash (s, f), Tomas Ulrich (vcelo), Frank Kimbrough (p), Ron Horton (t, flue), BA (ctb)

(imediatamente)
Isto é o Jeff Ballard. É a primeira coisa que me vem à cabeça. Porque é que é o Jeff Ballard? Porque toca imenso. Toca imensas coisinhas. É um baterista muito frenético. É muito subtil. Toca muitas notas. Eu não sou um grande fã dele. É com o Joshua Redman? O Jeff Ballard tem um som assim «fininho»; ainda mais neste registo. É muito reconhecível.
Quem é o líder? (depois de ver o disco) Não conheço. E também não conheço os outros músicos. O Jeff Ballard é um baterista que eu não sigo muito, mas reconheço o seu valor… Não é o meu estilo de baterista…

James Carter
Jurassic Classics
DIW/ Columbia 1995
« Take The ‘A’ Train»
Craig Taborn (p), Jaribu Shahid (ctb), Tani Tabbal (bat), JC (sa, ss, st)
Eu conheço isto. É o James Cárter. Jurassic Classics, pois claro. E quem é o baterista? E os outros músicos? Ai o pianista é o Craig Taborn? E o baterista é o Tabal? Não me lembrava… Isto foi o primeiro disco do James Carter que eu ouvi, mas já foi há muito tempo.

Elvin Jones.
In Europe
Enja, 1991
« Island Birdie»
Sonny Fortune (st, f), Ravi Coltrane (st, ss), Willie Pickens (p), Chip Jackson (ctb), EJ (bat)
Isto parece o Elvin Jones… é muito elviniano…
Não conheço isto. É um disco ao vivo? Ah, acertei? Era o Elvin? O Elvin Jones é o maior. Ainda assim, este é um disco atípico. Não conheço.

The Song Is You
Recorded at Woodstock, 1981
Douglas, 1981
« Impressions»
Chick Corea (p), Anthony Braxton (sa), Jack DeJohnette (bat), Lee Konitz (sa), Pat Metheby (g), Miroslav Vitous (b)
(Quase imediatamente)
Ah, é aquela gravação de Woodstock com o Braxton, o Chick Corea, o Miroslav Vitous e o Jack DeJohnette…
Eu tenho este disco e gosto muito.

JazzLogical: Destes bateristas e destes músicos, o que é que te diz mais?
João Lobo: É uma pergunta difícil, porque são coisas muitos diferentes e eu gosto de ouvir muitas coisas. Mas provavelmente o grupo do Miles com o Tony Williams é o meu top. É o grupo que eu conheço melhor e é um grupo que eu ouço. Volto sempre àquele grupo. E o Tony Williams é um baterista a que volto sempre também. É um baterista que me emociona. Talvez seja lamecha ou ridículo dizer, mas ele tem um disco, que é um dos últimos, com o Wallace Roney de quem eu nem gosto muito. Mas tem uma peça que é um solo de bateria assistido onde eles vão fazendo uns riffs e ele vai sempre tocando o solo. Às vezes vêm-me as lágrimas aos olhos de o estar a ouvir.

Mas todos eles. O Elvin Jones, claro, é um dos meus bateristas preferidos, e o Roy Haynes também. São mais os antigos; os mais novos eu não conheço. Mas está lá o Jack DeJohnette … e o Paul Motian. Estão todos aqui.

JazzLogical:Quem é que falta?
João Lobo: Falta o Joey Baron. É um dos meus bateristas preferidos. É um baterista ultra-versátil. É o único baterista que eu vi a fazer um concerto a solo; um grande concerto! Não como líder, que não me emociona, mas como sideman faz parte de grupo de que eu gosto imenso.

JazzLogical: Max Roach?
João Lobo: Também sim, claro. Mas não conheço tão bem… Desse tempo, por exemplo Philly Joe Jones emociona-me mais…
Mas Max Roach era um baterista que estudava muito e tinha um aproach melódico á bateria que o distinguia…

JazzLogical: E em termos de concepção musical. Já falaste dos bateristas, mas que tipo de música é que te atrai mais do que ouviste?
João Lobo: Miles, de novo.

JazzLogical: E preferes esse quinteto ou da fase que se seguiu, o Miles eléctrico?
João Lobo: Gosto também muito da fase eléctrica, mas tenho um gosto especial por este quinteto… Como dos quintetos anteriores desde os anos 50. O Kind of Blue é um disco absolutamente incrível… Mas a minha inspiração maior é o quinteto de MIles Davis.

JazzLogical: E das coisas modernas, o que é gostas e o que é que tu ouves? Tu tocas coisas mais modernas… O grupo com o Bica, este agora com o Scott Fileds, e o Rava. O que é que te atrai mais?
João Lobo: Eu não me concentro numa cena em particular. Eu ouço um pouco de tudo. Este tipo de coisas mais avant garde, por exemplo, eu ouço também, de vez em quando. Tenho ouvido por exemplo o Paul Nilsson-Love e o Gerry Hemingway, que são dois bateristas de que eu gosto, mas não ouço só isso. Gosto de ouvir essa música de vez em quando, mas é uma música que eu não ouço muito….

JazzLogical: pop também? E clássica?
João Lobo: Sim, pop também. Gosto sempre dos «cantautores». Vários, desde o Bob Dylan ao Rufus Wainwright, que é um que eu ando a ouvir bastante e que está na moda, entre os músicos também. A música brasileira também me emociona imenso…

JazzLogical: A música brasileira é muita coisa…
João Lobo: Pois é, pois é; a minha musa inspiradora é a Elis Regina…

JazzLogical: Tom Jobim?
João Lobo: Adoro Tom Jobim. E Chico Buarque. E Caetano.

JazzLogical: Estás a falar deles enquanto concepção musical ou enquanto cantores e intérpretes?
João Lobo: Enquanto várias coisas diferentes… De forma diferente também… A Elis Regina emociona-me muito mesmo. Cada vez que a ouço vêm-me arrepios. Ela tem um domínio incrível do tempo. Ela é completamente livre e tem uma expressão incrível. A voz dela para mim é a expressão máxima. Se uma pessoa consegue ser assim tão genial como ela era com a voz, não há instrumento que a bata. Talvez o sax de Coltrane. Eu comparo-os muito. Estão muito próximos, Elis Regina e Coltrane em termos de expressão e de conseguir transmitir quase tudo. Toda a sua vida de certa maneira. E mais a vida de outras pessoas também.

JazzLogical: Estás só a falar de coisas antigas. De coisas noivas, o que é que te inspira?
João Lobo: Das coisas modernas, são coisas desconhecidas. Dos músicos com quem eu toco. Músicos que eu conheci na Holanda. Com quem eu gosto de tocar e com quem eu tenho afinidades. Que são muito inspirados por Miles Davis dos anos 60 e 70. E Ornette Coleman.
São grandes inspirações porque com esses músicos tentamos ser o mais livres possível na música que fazemos. Mas eu toco muitas coisas diferentes e toco muitas coisas diferentes com músicos diferentes. E eles são a minha grande inspiração. Gosto de tocar com um certo colectivo de músicos; por exemplo, aquele com que eu estou em Bruxelas, e depois em Itália, e depois vir a Portugal e tocar com alguns certos músicos. E depois ir a Colónia tocar com o Scott. São coisas bastante diferentes mas que têm ligação. Pelo menos eu sinto que há muitas coisas em comum.

JazzLogical: O que é que valorizas mais: é a expressão individual, é a composição…
João Lobo: É o total disso tudo. E depende do contexto. Tudo tem valor.

JazzLogical: Faz sentido tocar sem composição?
João Lobo: Faz, faz todo o sentido. Aqui (com o Scott Fields) não é o caso. Para mim foi muito difícil tocar com este grupo. Foi um desafio grande para mim, porque às vezes tenho de tocar de uma maneira que não é a minha escolha. Que vai contra o que seria mais natural para mim fazer. Que seria tocar menos, ter mais silêncio. Fazer mais contrastes.
Neste grupo digamos que toco de uma forma um pouco cerebral. Estou a fazer o que me é pedido. A música é muito abstracta. Mesmo a parte composta é bastante abstracta. O que é para mim um desafio. Fazer mais o que ela precisa que o que eu gostaria de ouvir.

JazzLogical: Mudando de assunto; falemos de ti: a tua formação musical é Jazz?
João Lobo: Eu fiz o conservatório de Jazz em Haia, na Holanda. Os meus professores; um deles é um professor muito tradicional que tinha tocado com o Dexter Gordon, o Tete Montoliu; músicos que iam à Holanda e precisavam de uma secção rítmica. Era ele e um outro que tocou com o Chet Baker e ainda um mais novo que toca coisas pop, fusion…muito dotado tecnicamente.

JazzLogical: Aprendeste composição?
João Lobo: Composição não. Tive algumas disciplinas teóricas, combo, etc.; tive também piano e vibrafone. Um bocado de piano, harmonia ao piano. Componho muito pouco. Sou pouco produtivo.

JazzLogical: Como é que foste parar a Itália e como é que travaste contacto com Enrico Rava?
João Lobo: Foi através da workshop em Sienna. Eles fazem cada ano um seminário de duas semanas com professores italianos e Enrico Rava vai ensinar os três últimos dias; dar aulas de combo.
Eu fiz uma workshop e eles depois fazem uma selecção dos alunos mais preparados para fazer parte dos combos dele. Eu fiz parte do combo no primeiro ano em que estive lá. Depois tive uma bolsa para voltar no segundo ano…
Logo no primeiro ano ele engraçou comigo não sei porquê e pediu o meu contacto. Depois nunca mais disse nada, mas passados três anos eu comecei a tocar com um pianista que estava no grupo dele de jovens, o «New Generations». Ele ligou-me para ir fazer uns concertos no Umbria Jazz que era um trio nessa altura. Entretanto o trio tornou-se quarteto e eu continuei a tocar com ele.
Há pouco substitui o Gatto que não podia tocar. Em Setembro.

JazzLogical: E o que é que vai acontecer nos próximos tempos?
João Lobo: Vou tocar com um quarteto com o Giovanni Guidi com quem gravei agora um disco que vai sair no Verão… É o quarteto dele, com composições dele.
O Giovanni é um pianista muito novo; tem 23 anos. Ganhou agora um «referendo» lá em Itália; foi considerado o melhor jovem músico. São composições originais suas; normalmente muito simples, ou são só melodias. Ele tem muitas influências pop e rock. A música é muito aberta.

Vou continuar a tocar com o Bica também. Temos alguns concertos agendados até ao Verão. Ele até já deu um nome ao grupo, que é bom sinal: «Matéria Prima».
Isso é outro desafio para mim; ele está acostumado a tocar com um grande baterista, o Jim Black… É uma grande responsabilidade.
Adorava aquele trio (Azul) quando comecei a tocar. É um grande trio e o Bica é um grande contrabaixista; tem uma segurança… é muito bom…
O João Paulo foi também uma grande descoberta para mim. Eu não o conhecia…

Depois tenho um quarteto que vai lançar um disco cá em Portugal pela Clean Feed que é o Tetterapadequ: são dois portugueses, lisboetas, e dois romanos. É o Gonçalo Almeida no contrabaixo, o Giovanni Di Domenico no piano e o Daniele Martini, no saxofone. É música improvisada.
Bom, algumas das improvisações que começámos por gravar geraram temas. Eram coisas simples, ideias simples. Tocamos algumas coisas escritas mas basicamente é improvisação.

E há o Rava. No verão já temos algumas coisas agendadas: vou ter um concerto com o Roswell Rudd. Com o Rava são várias coisas: é o Generations, é o quinteto quando o Gatto não puder e também com dois tromboinistas: o Petrella e o Rosewell Rudd.
JazzLogical: Dois trombonistas?
R: Sim, dois trombonistas e um trompete. Vão ser dois concertos.

Depois vai haver uma coisa que se vai chamar Rava Special Edition que são oito ou nove músicos jovens que é o que ele vai dirigir. Vão ser três dias de ensaios em várias formações - duos, trios - e no último dia fazemos o concerto com o projecto do Rava. São várias coisas com o Rava.

Depois ainda tenho um quarteto com o qual vou gravar um disco para a Camjazz que é com a Alexandra Grimmal no saxofone que é uma saxofonista parisiense, sempre com o Giovanni Di Domenico no piano e o Manolo Cabras no contrabaixo. É um quarteto que já vem dos tempos do conservatório e temos sempre continuado a tocar… é um quarteto muito especial para mim e para nós todos. E vamos gravar um disco, provavelmente no verão que deve sair lá para o final do ano e que são só composições originais dos membros do grupo.

Para acabar, eu tenho um grupo de rock com o Norberto Lobo, que é um guitarrista que já fez um disco a solo que saiu pela Borland; um guitarrista acústico, mas que toca guitarra eléctrica neste grupo.
Não é da minha família, mas é como se fosse um irmão. É um excelente guitarrista, mas é de outra escola. Não é um guitarrista de Jazz nem lê música nem escreve música. É um autodidacta com um ouvido impressionante. É também com o irmão dele, Manuel Lobo, que toca teclados e baixo eléctrico às vezes, e canta também. Gravámos agora um disco em que os três cantamos, mas é quase sempre instrumental. Esse disco, não sei o que vai acontecer com ele, mas vai sair de certeza; qualquer dia.

 

Esta entrevista/ blindfolf test foi realizada durante o Portalegre JazzFest. Agradeço ao Dr. Joaquim Ribeiro, ao Centro Artes do Espectáculo e à Câmara Municipal de Portalegre a disponibilidade.