10 clássicos de natal

1. Art Blakey's Jazz Messengers, A Night In Tunisia. 2002. CD Bluebird/ Universal
Os Jazz Messengers de Art Blekey foram provavelmente a maior escola que o Jazz teve. Este disco traz-nos a formação de 1957 com Jackie McLean no sax alto e Johnny Griffin no tenor. Depois, são as baquetas de Blakey... A edição conta com três alternate takes, entre os quais «A Night In Tunisia». Que mais é necessário dizer?

2. Louis Armstrong New Orleans Nights. 2008. CD Verve/ Universal
Reunião tardia (1955) dos campeões do New Orleans, o CD recupera bastante bem o espírito do Jazz despojado e popular do princípio do século. Não faltam os blues, o foxtrot, o rag e a marcha fúnebre. Armstrong, Barney Bigard, Jack Teagarden, Trummie Young, Earl Hines, Cozy Cole..., estão lá todos

3. Chet Baker, in Chicago. 2008. CD Enja/ Dargil
Chet Baker é verdadeiramente um saco sem fundo: todos os anos surgem novos registos desconhecidos do trompetista, alguns deles por sinal bastante bons. Ao longo de várias décadas, ou porque precisava de dinheiro para droga ou para a recuperação, ele gravou para todos e com todos. Este disco foi gravado em 1986, aparentemente num período bom: ele surge em boa forma numa muito curiosa interpretação do estandarte do bebop Ornithology, ou a tocar e cantar da forma abandonada e única que só ele My Funny Valentine.

4. Paul Desmond, Bridge Over Troubled Water. 2008. CD Verve/ Universal
Um dos mais característicos músicos da West Coast, o saxofonista alto Paul Desmond, num dos seus registos mais xaroposos. Dez temas todos eles originais da dupla Paul Simon/ Art Garfunkel, entre os quais o Mrs Robinson, Old Friends, America, Cecilia e Bridge Over Troubled Water. As interpretações são relativamente lineares e é um disco de audição bastante acessível. A banda conta com Herbie Hancock no piano, Ron Carter no contrabaixo e Airto Moreira na bateria. Edição original de 1969.

5. Kenny Burrell Trio, A Night At THe Vanguard. 2008. CD Verve/ Universal
Guitarrista charneira do Jazz, entre os percursores Charles Christian e Django Reinhardt e a geração
dos modernos Metheny e dos Scofield, ele tocou literalmente com toda a gente, entre John Coltrane, Stan Getz, Bill Evans, Sonny Rollins, Billie Holiday ou Oscar Peterson. Na sua forma perfeita tocava em trio, em 1969, com Richard Davis no contrabaixo e Roy Haynes na bateria, em 1969. Com se dá conta neste disco. Sublime.

6. Jimmy Smith Trio, Live At The Village Gate. 2008. CD Verve/ Universal
Se há instrumentos que se identificam com os músicos, eles são o órgão e Jimmy Smith. De tal forma que ainda hoje quando alguém toca órgão, ele é inevitavelmente o termo de comparação. Descobri há alguns anos atrás que havia pessoas para quem aquele som característico do Hammond de Jimmy Smith era insuportável. Para mim, com Jimmy Smith no rádio do carro todas as estradas são boas, melhores que qualquer destino. Gravação provável de 1966, com Quentin Warren na guitarra e Billy Hart na bateria.

7. Oliver Nelson and his Orchestra, Fantabulous. 2008. CD Verve/ Universal
Tendo-se feito notar como compositor e arranjador, a orquestra de Oliver Nelson veio a tornar-se célebre no equilíbrio entre força e subtileza e na interpretação acabada de alguns dos momentos mais sublimes do Jazz de sempre, onde figuram inevitavelmente The Blues And The Abstract Truth de 1961. Disco de estúdio, algo posterior, de 1964, revela-nos essa mesma orquestra pujante, mas maleável e delicada.

8. Return To Forever, The Anthology. 2008. 2CD Concord/ Universal
Há o tempo antes e há o tempo depois dos Return To Forever. Este é um best of de quatro álbuns dos míticos Return to Forever de 1973 a 1976 é, para o melhor e para o melhor, o jazz-rock em todo o seu esplendor. A banda é, para quem já não se recorda, Chick Corea nos teclados de toda a espécie, Stanley Clarke no baixo eléctrico, Lenny White na bateria e Al Di Meola ou Bill Connors nas guitarras.

9. Jaco Pastorius, The Early Years Recordings. 2007. CD King Internacional
Jaco Pastorius nasceu em 1951 e desapareceu de forma dramática em 1987, com apenas trinta e seis anos de idade. Tornou-se conhecido nos meados da década de 70 pela colaboração com Pat Metheny ou Wayne Shorter, mas os primeiros anos da década permanecem algo obscuros. O que este disco revela é baixo eléctrico inimitável de Pastorius ao lado de bandas de Rhythm & Blues nesses primeiros anos. Os fãs da lenda não podem perder.

10. Chris McGregor's Brotherhood of Breath, Eclipse at Dawn. 2008. Cuneiform Records
Em 1971 o Jazz explodia em todos os sentidos, do ponto de vista musical, mas também político, também plástico, também social, e os sul-africanos dos Brotherhood of Breath eram uma expressão bastante acabada de um jazz radical que juntava o colorido da savana com a «estética do ruído» (para utilizar um termo retirado de Jorge Lima Barretto) do free-jazz que se ouvia por esses anos. Mais falado que ouvido, este Eclipse of Down agora recuperado é para além de tudo um documento histórico. Por esta altura, 1971, já Chris McGregor estava há muito exilado como o seu conterrâneo Abdulah Ibrahim e a sua música exprimia bastante das convicções políticas de oposição ao regime racista. Apesar de datado, ouve-se bastante bem.