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John McLaughlin and The Fourth Dimension

 

23 de Julho 2016, Coliseu, Porto

 

Numa recente entrevista a que assisti no Mezzo, um músico dizia que ter alguma vez tocado com Miles Davis era a melhor pensão de reforma que alguém poderia ter recebido, e de certa forma John McLaughlin pode reclamar-se sem escrúpulos dessa herança – afinal Miles Davis dedicou-lhe um tema no seminal Bitches Brew, e creio que terá sido mesmo o único músico que alguma vez beneficiou desse privilégio. McLaughlin tem uma carreira própria, mas o nome de Miles Davis estará para sempre gravado indelevelmente no seu registo biográfico.
Depois da curta passagem pelo grupo de Miles o guitarrista teve um grupo célebre de fusão, a Mahavishnu Orchestra, e ao longo dos anos encontrou-se com a música indiana, o flamenco, a música africana, a pop, o rock. Essa fusão – o jazz eléctrico, o jazz-rock, o etno-jazz - marca a sua música.
O grupo que se apresentou nos coliseus (do Porto a que assisti e presumivelmente em Lisboa também) pertence a este universo, sem novidade nem preconceitos, vivendo muito do colorido da formação (dois ingleses, um camaronês e um indiano) e do seu virtuosismo insuperável, e das referências familiares ao público.
Mais de duas horas de música em ritmo alucinante, virtuosismo, um repertório recheado dirigido para o público, com temas de ou dedicados a Carlos Santana, Paco de Lucía e Ravi Shankar, e muito espectáculo. Um dos momentos altos para o público foi o duelo de baterias protagonizado por Ranjit Barot, o baterista da banda, e Gary Husband, que saltou das teclas para a bateria num exercício de puro exibicionismo.
Concerto despretensioso, sem novidade, um pouco longo, dirigido para um público que sabia ao que vinha e que não se sentiu traído.

 

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